Marco Bego, CIO do InovaHC, fala sobre o projeto pioneiro de testes com 5G no país

HC será o primeiro hospital público a utilizar a tecnologia no país

O 5G, padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga, já é realidade na Saúde brasileira. O Hospital das Clínicas da USP, por meio do InovaHC, o núcleo de inovação da Instituição, usará a conexão na sala de cirurgia robótica do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), um dos maiores centros de oncologia da América Latina.

A estrutura para os primeiros testes já está implantada, tornando o HC o primeiro hospital público do Brasil a utilizar a tecnologia de quinta geração da internet móvel. O programa prevê a realização de exames de ultrassom, ressonância magnética, radioterapia e pré-laudos de tomografia e raio-X em locais que não têm acesso a essas ferramentas de diagnóstico.

A HCM conversou com o CIO do InovaHC, Marco Bego, para falar sobre este projeto pioneiro no Brasil. “Queremos ser reconhecidos como um ecossistema de inovação tecnológica na saúde e quer ser visto como um conector de pessoas, empresas, governo, universidade e toda a sociedade civil organizada para transformar a saúde por meio da inovação.”

1) Explique a atuação do InovaHC na Saúde.

O InovaHC é um hub de inovação aberta com o propósito de desenvolver novas tecnologias e aplica-las na saúde, tanto pública quanto privada, com o objetivo de transformar a área e tornar a jornada do paciente mais eficiente e iterável. Nós fazemos isso por meio de um programa com três verticais:

  1. A inovação aberta, que é a nossa ponte com todo o mercado do nacional e internacional e que busca o desenvolvimento da inovação tecnológica, mão de obra e uma plataforma de testes e homologações de produtos e serviços;
  2. O empreendedorismo, que auxilia na criação e no desenvolvimento de startups e as conecta com agentes de saúde e com empresas do setor;
  3. Projetos Estruturantes, neste caso preparamos as condições para testar e analisar novas tecnologias que podem ser úteis na saúde e como melhor utilizá-las e se serão necessários investimentos nas estruturas do sistema ou do país.

2) O 5G chegou ao Brasil e o InovaHC é o primeiro a testar a tecnologia. Por que desta iniciativa?

Os projetos utilizando o 5G fazem parte dos nossos programas estruturantes. Nós sabíamos que essa tecnologia poderia ser muito importante para os serviços e produtos da saúde que envolvam conectividade. 

Assim, procuramos os parceiros que mais conhecem a tecnologia e os conectamos com os médicos e pesquisadores da saúde para avaliar em quais áreas, serviços e produtos esta tecnologia poderia trazer ganhos na jornada do paciente, do médico e ou prover novos serviços. 

Com esta análise, montamos uma série de testes para conseguirmos fazer uma análise com base científica em no mundo real dos benefícios e oportunidades desta tecnologia.

3) Qual a vantagem de se ter parceiros dos mais diversos players da Saúde na execução do projeto?

Hoje, o InovaHC conta com parceiros da área da saúde e de outras áreas, como a bancária e a de telecomunicações. As vantagens são inúmeras, mas a que eu destaco é a possibilidade de potencializar as oportunidades, com conhecimentos de outros segmentos e, assim, nos tornarmos um ecossistema de inovação tecnológica mais diverso, com um único propósito: o de transformar a Saúde no Brasil.

4) Por que o InovaHC escolheu o modelo Open RAN para uso do 5G?

Quando organizamos o projeto, com o apoio da Deloitte, tínhamos algumas tecnologias que queríamos testar. O 5G tradicional e as redes privadas, no caso utilizando a tecnologia Open Ran, que é realmente inovadora sem nenhum teste na saúde no Brasil. 

Assim, dividimos nosso projeto 5G em dois, um deles trabalhamos com a Claro e a Ericsson, testando em um projeto no centro cirúrgico do Icesp a tecnologia 5G da Claro e outro utilizando a tecnologia Open Ran, que se chama OpenCare 5G que estamos testando esta tecnologia para realização de exames point of care.

5) Como será feita a aplicação da tecnologia?

A aplicação será por meio de testes controlados do uso da tecnologia em diversos casos de uso, como por exemplo:  ultrassom à distância, operação de equipamentos à distância, cirurgia robótica, treinamentos médicos e outros. Em um primeiro momento com as grandes empresas e, na sequência, com startups. A ideia é que com estes testes a gente consiga montar as estruturas necessárias para termos certeza dos impactos e, com isso, desenvolvermos, melhorarmos e criarmos novos serviços e produtos utilizando a tecnologia.

6) Quais são os impactos que o 5G terá no atendimento ao paciente?

A saúde está cada vez mais digital e requer a cada dia mais conectividade. Nossa expectativa é que o 5G melhore a qualidade dos serviços digitais quando for necessário alto tráfego de informações e imagens, operações de equipamentos a distância com baixa latência e interoperabilidade de muitos equipamentos e dados ao mesmo tempo, além é claro, de dar maior estabilidade no sinal. 

Esperamos impactos na assistência com serviços remotos de maior qualidade, na integração da saúde com outros setores; impactos sócio econômicos, por meio da geração de novos serviços e empresas no setor; impactos nas pesquisas médicas e de tecnologia usando o 5G, na transformação dos ambientes de saúde e na força de trabalho e no ensino.

7) Quais são os principais desafios que o InovaHC enfrentará na aplicação dessa tecnologia?

Se me permite uma metáfora, neste momento estamos criando as estradas e as pontes e em um segundo momento o que irá trafegar por estas estradas. Assim, o desafio é primeiro termos uma estrutura adequada e de qualidade e, depois, com a criatividade e competência dos nossos médicos e empreendedores, criarmos as tecnologias e os serviços que possam tornar a jornada do paciente mais eficiente e iterável.

8) Acredita que o investimento 5G abre portas para novas tecnologias?

Acredito que sim, mas também que precisamos de mais financiamentos em linhas específicas, como a saúde. E, claro, se possível, de apoio governamental, pois o 5G no Brasil pode ser diferente de outas partes do mundo, já que somos um país de grandes proporções geográficas, muito desigual e carente de serviços. O 5G poderá prover mais acesso com menos custos.

9) Dentro do cenário mercadológico, como o InovaHC pretende ser visto a partir desse investimento?

O InovaHC quer ser reconhecido como um ecossistema de inovação tecnológica na saúde e quer ser visto como um conector de pessoas, empresas, governo, universidade e toda a sociedade civil organizada para transformar a saúde por meio da inovação. E tudo isso muito além do deste investimento especifico.

10) O que podemos esperar nos próximos meses deste projeto?

Esperemos terminar os nossos testes locais e depois iniciarmos testes em outras regiões de São Paulo e do Brasil e também em regiões remotas, buscando a oferta de serviços para as pessoas que mais necessitem e que consigamos impactar positivamente a vida destas pessoas. Esperamos também aumentar o número de parceiros com outras grandes empresas, com o governo, com outras universidades e principalmente com as startups.

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