Novas tecnologias podem otimizar agenda de uso de equipamentos e monitorar riscos de pacientes internados
Inovações que já alteram o cotidiano das pessoas, como a inteligência artificial (IA) e os wearables, ou vestíveis – dispositivos como relógios e pulseiras inteligentes que podem fazer o monitoramento de parâmetros corporais –, agora chegam aos hospitais com capacidade para tornar o atendimento mais eficiente, seguro e aumentar a qualidade dos serviços oferecidos pelas instituições.
Segundo um relatório da consultoria Grand View Research, o mercado de saúde digital, estimado em US$ 240 bilhões em 2023, deve crescer a uma taxa anual de 21,9% entre os anos de 2024 e 2030.
Nas instituições de saúde, essas novidades são implementadas e gerenciadas pela Engenharia Clínica, departamento responsável pelas tecnologias médicas usadas para diagnóstico, intervenções ou suporte à vida.
No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a adoção de uma solução com inteligência artificial embarcada permite um uso otimizado de equipamentos de alta complexidade, como as máquinas que realizam os exames de ressonância magnética.
A ferramenta é capaz de coletar as informações do aparelho de exames e as organizar em um painel, onde os especialistas conseguem analisar detalhes do uso do equipamento. “Entre as informações disponibilizadas, estão os horários de agendamentos e o tempo de cada exame. Isso permite uma gestão mais inteligente das agendas, conhecendo quanto tempo o aparelho fica ocioso e se há alguma demanda reprimida”, diz Tarcisio Marques, gerente de Engenharia Clínica do Hospital. Assim, os dados podem colaborar para um aumento de eficiência no uso dos aparelhos.
O dispositivo também pode fazer o monitoramento da dose de radiação que cada paciente recebe no exame, o que amplia a segurança de quem passa pelo aparelho. A solução deve ainda ser usada em outras máquinas no Hospital no futuro, como tomógrafos e equipamentos de medicina nuclear. De acordo com Marques, esse uso permite um ganho operacional – a maior disponibilidade de informações permite ajustes de protocolos que podem garantir a redução na taxa da dose de radiação recebida pelos pacientes.
Outro recurso que está sendo adotado pela instituição neste ano de 2024 é uma IA capaz de produzir os laudos para todos os exames de Raio X feitos no Pronto Atendimento. O sistema usado para redigir os documentos se baseia em um banco com mais de 1 bilhão de imagens do mundo todo.
Os wearables representam outra frente nessa onda de inovação na saúde: a medicina de sensores, que usa os dispositivos presos ao corpo para monitorar e exibir em tempo real dados da pessoa.
No uso cotidiano, eles assumem as formas de relógios, pulseiras e anéis inteligentes que, conectados a um smartphone, fornecem informações aos usuários, como batimentos cardíacos, tempo e qualidade de sono e níveis de estresse. Com GPS acoplado, alguns também contabilizam a distância e a intensidade em exercícios físicos como corrida, ciclismo e natação.
Há novos formatos em desenvolvimento, como adesivos que podem coletar informações e distribuir medicamentos e peças de roupa capazes de monitorar a saúde dos músculos.
Dentro do contexto hospitalar, dispositivos com níveis de precisão mais elevados, desenvolvidos especificamente para uso médico, podem ser usados em pacientes internados para minimizar riscos e indicar rapidamente mudanças bruscas no quadro clínico que exigem cuidado imediato.
“Com o uso desses dispositivos, o paciente internado tem um monitoramento mais próximo, o que permite agir de forma mais rápida. Assim, a reavaliação é feita conforme a necessidade”, destaca Luisa Donatelli, gerente de Estratégia e Inovação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.