O recente relatório divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente oferece uma visão desafiadora do panorama da assistência à saúde em nosso país. Embora os dados apontem para avanços em determinadas áreas, como a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), fica evidente que ainda há lacunas significativas a serem preenchidas, no que diz respeito à implementação de protocolos essenciais de segurança.
É encorajador observar que muitos hospitais estão investindo recursos na prevenção e controle de IRAS, demonstrando um compromisso com a segurança tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde. No entanto, o relatório também destaca falhas que precisam de atenção na implementação de outros protocolos fundamentais, como o protocolo de identificação do paciente e o plano de segurança do paciente.
A divergência entre o que é relatado pelos hospitais e o que é observado in loco ressalta a necessidade urgente de uma abordagem mais rigorosa e sistemática para garantir a conformidade com os protocolos de segurança. Não podemos nos contentar com uma mera documentação de práticas: é imperativo que esses protocolos sejam efetivamente implementados e seguidos em todas as instâncias.
É exemplar a iniciativa da Anvisa em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) de disponibilizar protocolos nacionais e revisar manuais de segurança e qualidade. Entretanto, é imprescindível que essas medidas sejam acompanhadas por um compromisso contínuo das instituições de saúde em priorizar a segurança do paciente em todas as etapas do atendimento.
O aumento na proporção de critérios em conformidade ao longo do tempo é um sinal positivo, mas não devemos nos acomodar com os progressos alcançados até agora. É essencial que continuemos a buscar melhorias e a promover uma cultura de segurança que permeie todas as camadas das instituições de saúde.
Além disso, reconhecer que a qualidade dos dados é fundamental para garantir a eficácia das avaliações de segurança do paciente.
Diante dos desafios apresentados pelo relatório da Anvisa, é hora de reafirmarmos nosso compromisso com a segurança do paciente e dos profissionais de saúde. Investir em práticas e protocolos que reforcem essa segurança não é apenas uma escolha ética, mas uma necessidade inadiável para garantir a excelência na assistência à saúde em nosso país.
José Branco é Presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) do Brasil, faz parte da Direção Executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), atua com o Diretor Técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) e é Diretor Médico da CLOUDSAÚDE.