O conceito de retribuir o conhecimento que se recebe com cada vez mais conhecimento parece fazer parte do HCFMUSP. Foi como aluno da Faculdade de Medicina, e estagiário no Laboratório Industrial do HC, que Ogari Pacheco se apaixonou pela farmacologia.
O interesse por farmácia já teria valido a pena fosse seu resultado apenas a fundação dos Laboratórios Cristália. Idealizado a partir da necessidade em atender as demandas dos pacientes da então Clínica Cristália, no interior de São Paulo, foi em 1972 que a pequena produção tomou tom de Complexo Industrial Farmacêutico.
Comerciando apenas o excedente daquilo que produzia, o Complexo aos poucos se estendeu aos âmbitos Farmoquímico, Biotecnológico e de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Uma história bem-sucedida, mas ainda sem o ‘quê’ de extraordinária que viria a adotar. Foi em 1976, ao produzir o Haloperidol – um poderoso antipsicótico -, o que tirou das mãos de uma multinacional o monopólio do produto, reduziu seu preço e passou a vendê-lo para a Central de Medicamentos do Ministério da Saúde, fazendo com que chegasse a milhares de brasileiros.
Seria uma conquista por si só, não fosse pela vontade de fazer a diferença na educação. Em parceria com a USP, o Cristália desenvolveu ainda o anestésico de bloqueio Novabupi:- uma mistura não enantiomérica que resultou em eficácia e segurança superiores aos da Bubivacaína Racêmica. “Entre outros estudos, o que foi realizado através do Instituto de Ortopedia fase IV, onde a Novabupi apresentou resultados superiores aos demais anestésicos de bloqueio” conta Pacheco, cofundador dos Laboratórios.
Além disso, foi em parceria com o Professor José Otávio Auler que o Cristália desenvolveu um vídeo institucional de conscientização e difusão do conceito de uso de embalagens estéreis para anestésicos de neuroeixo. A participação do Laboratório se mostra ainda mais expressiva no que diz respeito à educação continuada.
Patrocinador master da grade de ensino, os cursos oferecidos anualmente pelo Complexo somam mais de 40 especializações. Tamanha dedicação ao ensino levou ao lançamento do CITIC – Centro de Inovação e Tecnologia do HCFMUSP, um projeto exclusivo que visa o desenvolvimento de projetos de inovação idealizados pela USP e acelerados pela iniciativa privada. “Vale lembrar que o CITIC, lançado em 2018, participa do projeto de governo, denominado INOVA SÃO PAULO” destaca Ogari.
O laboratório tem contribuído, ainda, com a reforma de diversas instalações, dentre elas as de serviço de anestesia. “Estamos restaurando toda a secretaria, bem como o auditório onde são realizadas as reuniões clínicas de médicos e residentes” explica o cofundador.
À parte a dedicação educacional e de pesquisa, o Cristália também é o maior fornecedor de anestésicos, narcoanalgésicos e psicotrópicos do HCFMUSP. “Vale ressaltar que nossos produtos se apresentam em dose unitária e com códigos de rastreabilidade; que atrelam maior segurança e larga margem de economia, uma vez que não há necessidade de equipes de profissionais para realizarem a unitarização” afirma Pacheco.
Para ele, um dos principais desafios na parceria com HCFMUSP é manter-se passo a passo com o padrão de inovação proposto pela instituição que ele mesmo classifica como “incansável”. Mas relativiza qualquer dificuldade: “Estamos falando do maior hospital do País e da maior instituição de ensino médico da América Latina, portanto, é claro, vários são os desafios: de ensino médico, de abastecimento…”
O segredo para superar qualquer dificuldade? Focar no que importa: “Toda relação de parceria visa um crescimento profissional, econômico e, o mais importante, a continuidade do legado do conhecimento.”
Esta matéria e muito mais você encontra na edição 60 da revista Healthcare Management