Advogada especializada no terceiro setor, Letícia Bellotto Turim lidera o Grupo Chavantes, uma das maiores Organizações Sociais de Saúde do país, com presença em seis estados e mais de 30 projetos voltados à ampliação do acesso e à eficiência do SUS
Quando assumiu a presidência do Grupo Chavantes em 2025, a advogada Letícia Bellotto Turim já acumulava mais de uma década de experiência dentro da instituição. A trajetória interna — construída ao longo de doze anos — permitiu a ela conhecer de perto os desafios operacionais, jurídicos e humanos de gerir uma das maiores Organizações Sociais de Saúde (OSS) do país.
Hoje, o grupo atua em seis estados brasileiros e mantém mais de 30 contratos de gestão, presentes em 30 municípios, consolidando-se como a 8ª maior OSS do Brasil em volume de projetos e abrangência territorial.
O crescimento, entretanto, não é apenas quantitativo. Sob a liderança de Letícia, o Chavantes tem passado por um processo de consolidação institucional, orientado por governança, transparência e eficiência administrativa.
“Este tem sido um período de expansão e amadurecimento. Seguimos reafirmando o compromisso com a qualidade e a sustentabilidade social, sempre com foco em ampliar o acesso da população aos serviços públicos de saúde”, afirma.
Os resultados vêm acompanhados de reconhecimento, mas, para Letícia, o mérito está menos nas premiações e mais na consistência das práticas que sustentam esses avanços: “Conseguimos ampliar o acesso e a eficiência operacional das nossas unidades sem abrir mão da qualidade e da segurança assistencial. Isso se traduz em melhores experiências para os pacientes e em uma gestão mais sustentável para o SUS”.
A presidente destaca que a evolução recente do Grupo Chavantes está diretamente ligada à implementação de um modelo de governança baseado em dados e tecnologia, voltado para a tomada de decisão ágil e à mensuração de resultados.
A adoção de sistemas integrados de gestão e de programas contínuos de capacitação profissional trouxe mais transparência e rastreabilidade para as operações. “Investimos fortemente em tecnologia e treinamento. A digitalização dos processos e a integração de informações nos permitem responder com mais rapidez às demandas da rede pública e aprimorar a alocação de recursos”, explica.
Essas mudanças se inserem em uma agenda mais ampla de transformação digital que o grupo tem desenvolvido nos últimos anos. As unidades sob gestão vêm adotando ferramentas de gestão inteligente, ampliando o uso de telemedicina e automatizando rotinas administrativas.
Para Letícia, essa transição vai além da inovação tecnológica: “A modernização é também cultural. Ela exige equipes preparadas, líderes engajados e uma mentalidade voltada à melhoria contínua. A tecnologia é um meio para sustentar uma gestão mais humana e eficiente.”
Advogada com especialização no terceiro setor, Letícia tem dedicado sua carreira à profissionalização das parcerias público-privadas em saúde, defendendo modelos de gestão que combinem responsabilidade social e rigor técnico. Além de presidir o Grupo Chavantes, ocupa cargos de relevância no ecossistema da saúde: é assessora jurídica do Comitê das Organizações Sociais de Saúde (COSS/FEHOSP), secretária filantrópica da AHOSP e diretora comercial da FBAH. Também integrou o programa CBEXS Futuro, iniciativa que reúne jovens líderes com atuação estratégica na saúde brasileira. Essa vivência múltipla a coloca como uma das vozes mais atuantes na defesa da modernização da gestão pública em saúde.
“Liderar no setor da saúde é uma tarefa que exige equilíbrio entre técnica e empatia. É preciso unir visão estratégica, domínio regulatório e sensibilidade humana, porque cada decisão tem impacto direto na vida das pessoas”, reflete.
Para ela, a liderança transformadora é aquela que forma equipes capazes de multiplicar propósito e valores institucionais. “O papel do líder é criar condições para que as pessoas sejam protagonistas das mudanças que o sistema precisa. A transformação só acontece quando há engajamento coletivo”.
A atuação de Letícia está pautada em princípios que ela considera inegociáveis: ética, transparência e compromisso com o propósito social. Em momentos de desafio, volta sempre à essência do trabalho — cuidar de pessoas e fortalecer as instituições. “Toda decisão precisa ser tomada com responsabilidade diante de três dimensões: os pacientes, os colaboradores e a sustentabilidade da organização. É isso que garante equilíbrio e coerência mesmo nos contextos mais complexos.”
Em sua visão, o futuro da saúde pública será definido pela capacidade de equilibrar inovação tecnológica e responsabilidade social. A executiva acredita que os próximos anos serão marcados por três movimentos estruturantes: a integração de dados e inteligência artificial na gestão, a valorização de modelos colaborativos e o fortalecimento de políticas voltadas à saúde baseada em valor. “Essas tendências vão redesenhar o sistema, tornando-o mais conectado e centrado nas pessoas. A tecnologia será decisiva, mas só fará sentido se for usada para promover equidade e acesso”, afirma.
A presidente do Grupo Chavantes também vê nas Organizações Sociais de Saúde um papel fundamental para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela, as OSS representam uma alternativa concreta para a melhoria da gestão pública e para o aumento da eficiência do gasto em saúde:
“As parcerias entre o poder público e as OSS têm mostrado que é possível garantir eficiência administrativa e qualidade assistencial. O desafio é manter a transparência e a responsabilidade social no centro desse modelo”.
Para alcançar esse equilíbrio, Letícia defende a construção de um ambiente de cooperação entre os diferentes atores do sistema — gestores, profissionais de saúde, entidades filantrópicas e governos. Essa visão dialoga com a sua experiência no campo associativo e jurídico, onde atua no fortalecimento institucional do setor: “As grandes transformações em saúde são sempre coletivas. Nenhuma conquista é individual. Precisamos de articulação entre esferas e de políticas públicas que incentivem a inovação responsável”.
Seu propósito, como líder e gestora, é contribuir para a consolidação de um modelo de saúde pública que una eficiência, transparência e empatia. “Quero deixar o legado de uma atuação que mostre ser possível aliar resultados e humanização. Mais do que construir uma trajetória pessoal, o objetivo é formar equipes e instituições que mantenham esse compromisso com a sociedade”.
Com mais de 30 projetos ativos e atuação crescente no território nacional, o Grupo Chavantes tornou-se referência em gestão de serviços hospitalares e unidades básicas, ampliando o alcance do SUS e fortalecendo o papel das OSS como agentes de inovação e responsabilidade social. “Nosso desafio é conciliar escala e sensibilidade. Cada unidade precisa operar com eficiência e autonomia, mas dentro de um mesmo propósito: garantir um sistema de saúde público cada vez mais forte, inclusivo e sustentável”, afirma.
A trajetória de Letícia Bellotto Turim reflete uma nova geração de lideranças femininas e técnicas na saúde, que têm reformulado a relação entre Estado, sociedade e gestão hospitalar. Em um ambiente marcado por restrições orçamentárias, complexidade regulatória e demanda crescente por resultados, sua atuação demonstra que o caminho para o fortalecimento do sistema público passa pela combinação de inovação, profissionalização e propósito — valores que transformam a gestão em instrumento de cidadania e o cuidado em uma ação coletiva e contínua.















