Cerca de um terço dos entrevistados dos segmentos Life Sciences e Health Care devem adquirir empresas em 2022
A edição deste ano da pesquisa “Agenda”, da Deloitte, realizada com 491 empresas – cerca de 5% do setor de saúde – apresenta as prioridades e expectativas dos líderes empresariais para o ambiente de negócios no Brasil, em relação aos investimentos, às iniciativas e ao cenário econômico, social e político para 2022.
As respostas mostram a importância da transformação digital, fundamental para a sustentabilidade dos negócios, e que se intensificou devido à pandemia de Covid-19.
Além dos eventos adversos na economia global que deixaram o mundo num ambiente mais imprevisível e, automaticamente, aumentou incertezas e a busca por novo caminhos para a manutenção da competitividade das empresas de todos os setores.
O recorte das empresas que representam o setor de saúde revela que os investimentos em treinamento e formação de profissionais, em qualificação tecnológica e o aumento do quadro de funcionários deverão ser alguns dos destaques do segmento em 2022.
As empresas de saúde participantes da pesquisa são divididas em duas categorias: Life Sciences, que engloba manufatura de químicos/biofarmacêuticos, distribuidores/atacadistas, fabricantes de equipamentos e instrumentos e consultoria/inovação/pesquisa; e Health Care, composta por clínicas/serviços hospitalares, operadoras de planos de saúde e diagnósticos (fabricantes de kits/exames/insumos).
A pesquisa retrata que 38% dos respondentes do setor de Life Sciences e 53% de Health Care acreditam na estabilidade (variação de -0,5% a 0,5%) do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2022.
Metade (50%) dos entrevistados de Life Sciences e 34% dos empresários de Health Care acreditam num crescimento ou forte crescimento do PIB, em uma variação de 0,5% a mais de 2%. Já para 12% e 13%, respectivamente, a expectativa é de queda (abaixo de -0,5%)
“O setor de saúde foi dos mais impactados pelos efeitos da pandemia nos últimos dois anos, no Brasil e no mundo. Nesse período, os empresários do setor estão tendo de se adaptar muito rapidamente e diariamente a novas realidades. A pesquisa da Deloitte mostra que a intenção de qualificação profissional e tecnológica e a contratação de profissionais está, muito sabiamente, no radar dos empresários de Life Sciences e Health Care, e nem pode ser diferente. Este é o melhor caminho para o enfrentamento e o sucesso em tempos de instabilidades globais e locais”, destaca Luís Joaquim, sócio-líder de Life Sciences & Health Care da Deloitte.
Manutenção e aumento do quadro de funcionários e qualificação de profissionais são focos prioritários em 2022
Em novembro de 2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou que a taxa de desemprego no Brasil recuou para 11,6% no trimestre encerrado no mesmo mês.
Acompanhando essa expectativa, 40% dos respondentes de Life Sciences e 50% de Health Care declararam que pretendem aumentar o quadro de profissionais em 2022.
A manutenção do quadro, sem substituições, será realizada por 40% e 14%, respectivamente. Já 20% e 22% planejam a manutenção do quadro com substituições.
Nenhuma empresa de Life Sciences pretende diminuir o quadro, enquanto 14% das companhias do setor de Health Care devem diminuir.
Entre os que pretendem reduzir o quadro ou substituir, independentemente do cenário, as razões indicadas foram a substituição por profissionais mais qualificados (50% e 40%, respectivamente); a redução de custos (50% e 60%), a robotização ou automação de processos (50% e 20%) e a diminuição da demanda (20% para Health Care).
A “Agenda 2022” ainda revela que 91% dos empresários de Life Sciences e 93% de Health Care que responderam à pesquisa têm como investimento prioritário o treinamento e formação de funcionários.
Os outros investimentos apontados como prioritários pelos participantes foram o lançamento de produtos ou serviços (91% e 80%, respectivamente), em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) (55% e 80%) e parcerias com startups (36% e 67%).
Empresas mantêm investimentos em tecnologia e P&D
Os investimentos em qualificação tecnológica são grande destaque para as empresas de Life Sciences e Health Care, sendo prioridade para 100% dos respondentes dos dois segmentos.
70% das empresas de Life Sciences e 80% de Health Care vão direcionar esses treinamentos a diversas áreas da organização.
Além disso, os investimentos na área serão direcionados a sistemas/ferramentas de gestão/softwares (100% e 93%, respectivamente), infraestrutura (100% e 93%), gestão de dados (100% para ambos), segurança digital (100% e 93%), ferramentas de customer marketing (90% e 93%), canais de atendimento ao consumidor (80% e 100%) e canais de venda online (80% e 67%).
Outros investimentos que chamam a atenção são os relacionados às tecnologias emergentes, que serão direcionados Robôs Móveis Autônomos (AMR) — apontados por 40% das empresas de Life Sciences e 47% de Health Care — a digitalização do processo produtivo (40% e 20%) e a realidade virtual aumentada e drones (40% e 13%).
Na área de P&D, 82% dos empresários de Life Sciences e 71% de Health Care realizarão investimentos ao longo de 2022.
Dos entrevistados que afirmam investir, 60% e 53%, respectivamente, pretendem focar em pesquisa aplicada, 50% e 47% no desenvolvimento experimental, 20% e 40% em pesquisa básica dirigida e 20% e 7% em tecnologia industrial básica.
As ações de inovação realizadas colaborativamente, segundo os respondentes, serão: adoção de novas tecnologias (60% Life Sciences e 67% Health Care), realização de pesquisas (80% e 47%), troca de conhecimento e experiência (60% e 53%), comunicação/interação com clientes (40% e 60%), desenvolvimento de novos produtos e serviços (50% e 47%), realização de eventos (40% e 47%), treinamentos (50% e 33%), simplificação de processos burocráticos (30% e 40%), captação de investimentos/recursos financeiros (10% e 40%), intercâmbio de funcionários ( 30% e 7%) e registro de patentes (para 30% de Life Sciences).
Geração de empregos, foco em educação e reforma administrativa são principais prioridades para o governo
A pesquisa identificou, de acordo com respostas dos empresários, prioridades para o governo em 2022.
No que se refere ao apoio à atividade econômica, foram apontados o estímulo à geração de empregos (ocupando o 2º lugar da lista dos empresários de Life Sciences e o 1º lugar no ranking de preocupações dos respondentes de Health Care), inflação abaixo dos 5% (3º e 2º lugares, respectivamente), infra e logística (4º e 3º) e revisão da política de juros (1º e 4º).
No campo do empreendedorismo, foram indicados o apoio às micro e pequenas empresas (5º e 1º lugares, respectivamente), transformação digital (2º e 5º), oferta de crédito às empresas (3º e 2º), abertura e fechamento de empresas (6º e 3º) e incentivos fiscais para P&D (1º e 4º).
Já as principais prioridades do governo de impacto social deveriam ser, de acordo com os entrevistados: educação, item mais apontado pelos dois segmentos pesquisados, saúde (em 2º lugar para Life Sciences e em 3º para Health Care), saneamento básico (3º e 6º), segurança pública (5º e 2º) e ciência e tecnologia (4º lugar para ambos).
Quanto à melhoria da eficiência da gestão pública, espera-se a reforma administrativa (3º e 2º lugares), o combate à corrupção (2º e 1º), desburocratização operacional (4º e 7º), planejamento estratégico (5º e 3º) e a manutenção do teto de gastos (1º e 8º).
E por fim, referente às leis e regulamentações, as prioridades aguardadas são a reforma tributária (1º para os dois), ataques cibernéticos (2º para ambos), as revisões das leis trabalhistas (3º para os dois segmentos), legislação ambiental (6º e 5º) e revisão do Marco Legal do Saneamento (4º e 10º).
Quanto à perspectiva dos respondentes sobre a mais recente proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional, 44% das empresas de Life Sciences e 15% das de Health Care concordam parcialmente com ela. Já 11% e 8% respectivamente, concordam totalmente; 11% de Life Sciences e 23% de Health Care discordam da proposta, e 34% e 54%, respectivamente, desconhecem a mais recente proposta de reforma tributária.
Mais da metade das empresas de Life Sciences e Health Care (59% no geral) disseram que a indústria precisa de revisões ou novas regulamentações.
Para as organizações dois dos segmentos, as principais demandas nesse sentido são segurança jurídica, nova regulação de preços, atualização na Lei de patentes e desburocratização/ maior agilidade nos processos regulatórios.
Expectativas, preocupações, ações estratégicas e desafios em um ano de mudanças
As médias das taxas de crescimento de vendas esperadas pelos empresários em 2022 são de 7,8% para Life Sciences e de 8,3% para Health Care. 10% e 13%, respectivamente, esperam crescimento das vendas maior que do 20%.
Nenhuma empresa de Life Sciences espera queda nas vendas no ano; por outro lado 7% dos entrevistados de Health Care esperam.
Como ações estratégicas apontadas pelos respondentes dos setores estão a participação em licitações e privatizações (73% e 33%), aquisição de empresas (36% e 33%), aquisição de produtos /marcas (27% e 20%) e participação em concessões públicas (27% e 13%).
Para expandir os negócios, os empresários informaram que pretendem comprar máquinas e equipamentos (46% e 73%), abrir novos pontos de venda (27% e 73%), ampliar as atuais unidades de produção (27% e 33%) e abrir novas unidades de produção (27% e 40%).
Os desafios apontados pelos respondentes do setor de infraestrutura, porém, para tirar os projetos de capital do papel, são muitos: volatilidade do mercado, imprevisibilidade de receitas e vendas, custo de captação para financiamento, imprevisibilidade dos resultados, insegurança legal e jurídica, definição de orçamento, burocracia para captação de recursos, falta de mão de obra qualificada e atendimento à ESG.
Diante do que foi vivenciado nos últimos anos com as variações das últimas eleições e com os impactos da pandemia, os empresários apontam a evolução do processo eleitoral (36% e 71%), instabilidades políticas (64 e 65%), inflação acima de 5% (64% e 59%), desvalorização do real (55% e 47%), nova onda de Covid-19 no Brasil (55% e 53%), riscos fiscais (46% e 29%), alta dos juros (27% e 53%) e crise de imagem do Brasil (41%) como as principais preocupações para o ambiente de negócios brasileiro em 2022.
“Mesmo com incertezas no ambiente de negócios, as organizações continuarão investindo em transformação digital, capacitação profissional e melhoria contínua de suas operações. Somente assim elas vão se manter competitivas em um contexto de mudanças tão relevantes como o atual. A ´Agenda 2022´ revela que há uma consciência clara das empresas sobre o dever de casa a ser feito. Em cenários mais voláteis, a resposta das organizações sempre requer planejamento e pragmatismo”, destaca João Gumiero, sócio-líder de Market Development da Deloitte.
Metodologia e amostra da pesquisa
A edição de 2022 da pesquisa “Agenda” contou com a participação de 491 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 2,9 trilhões em 2021 — o que equivale a 35% do PIB brasileiro.
A distribuição geográfica da amostra ocorre da seguinte forma (considerando a sede administrativa das empresas): 72% na região Sudeste, 13% na região Sul, 9% no Nordeste e 6% no Centro-Oeste e no Norte do País.
Do total dos respondentes, 64% estão em cargos de liderança C-Level. Adicionalmente, 33% das empresas participantes são de prestação de serviços, 15% de bens de consumo, 15% de infraestrutura, 12% de TI e Telecomunicações, 9% de Agro, Alimentos e Bebidas, 7% de serviços financeiros, 7% de comércio e 2% de mineração, petróleo e gás.