Saúde Digital Brasil lança Manual de Boas Práticas de Telemedicina e Telessaúde

Documento é pioneiro na América Latina e aborda a importância das boas práticas no setor

A Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital (Saúde Digital Brasil) reuniu associados e lideranças da saúde para apresentar a primeira edição do Manual de Boas Práticas de Telemedicina e Telessaúde.  Além da apresentação da obra, inédita na América Latina, o evento contou com uma mesa redonda, que abordou a importância das boas práticas a todos os envolvidos do setor e contou com a participação de Ana Maria Malik, Daniel Neves e Beatriz de Faria Leão.

O diretor-adjunto do Comitê da Cadeia Produtiva de Saúde e Biotecnologia da FIESP (ComSaude), Francisco Balestrin, destacou: “ O ComSaude atua em diversas frente e procura sempre trazer assuntos que contribuam com o crescimento do setor. A telemedicina é uma das principais ferramentas no cuidado em saúde no mundo e no Brasil. Um caminho para se ampliar o acesso que, se feito de forma segura e profissional, contribuirá de maneira importante para o setor, beneficiando a sociedade como um todo. Que esse manual possa ser um importante marco do crescimento e consolidação da telemedicina e telessaúde em nosso país”.

O Manual de Boas Práticas será uma importante ferramenta para balizar a qualidade dos serviços de telessaúde prestados no país. Segundo o presidente da Saúde Digital Brasil e editor da obra, Caio Soares, há muitas iniciativas e profissionais praticando a telemedicina. Por isso a importância de se definir requisitos mínimos, legais e técnicos para aprimorar o sistema e potencializar a qualidade do acesso. “A telessaúde – e também quem trabalha com ela – enfrentou muita resistência antes do período pandêmico. E, um dos maiores benefícios reais e práticos do dia a dia que nós vimos na área da saúde nos últimos tempos foi a aceitação e a quebra das barreiras da telemedicina. O avanço jurídico e, agora, a segurança jurídica, o Conselho Federal de Medicina, o Ministério da Saúde e a lei, finalmente, sedimentada são importantes conquistas. Uma das formas que encontramos de retribuir essa receptividade para a sociedade foi criar esse material, que é fruto do trabalho de muita gente”.

Quais são os 4 capítulos do Manual

Os quatro capítulos do Manual, elaborados pelos Grupos de Trabalho da Associação, que contou com a participação das principais lideranças e autoridades em cada um dos temas no Brasil, foram apresentados durante o evento.

Telemedicina direta ao paciente

O vice-presidente da Saúde Digital Brasil, editor do Manual, coordenador do capítulo a Telemedicina Direta ao Paciente e médico-referência do Hospital Albert Einstein, Carlos Henrique Pedrotti, enfatizou a importância dos profissionais da saúde estarem sempre cientes dos limites da tecnologia e, no caso da telemedicina, da necessidade de observância da segurança do paciente e da informação. Segundo o profissional, o objetivo central do manual foi tratar dos limites da prestação de serviços de saúde através de ferramentas de comunicação à distância e dos aspectos éticos a serem respeitados.

“Iniciamos fazendo a comparação de que o atendimento via telemedicina deve, sim, seguir os mesmos preceitos éticos do atendimento presencial, em todos os aspectos e com maior cuidado possível. A relação médico-paciente deve ser sempre priorizada, e é perfeitamente possível que ela ocorra à distância”, reforça.

A prática da telemedicina direta ao paciente está divida, na obra, em três modalidades: comunicação assíncrona, comunicação por telefone e videoconferência. Os parâmetros para a realização do exame físico do paciente por teleconsulta também estão contemplados na obra. O capítulo coordenado por Pedrotti aborda, ainda, a telepropedêutica, abrangendo as técnicas, manobras e dispositivos que permitem o exame clínico via telemedicina.

Prescrição eletrônica e registro de dispensação digital

A Head of Legal & Policy da Memed e coordenadora do capítulo Prescrição Eletrônica e Registro de Dispensação via Digital, Marina Jacob, , explicou que o capítulo traz o que há de mais atual sobre os temas e ressaltou que três pilares foram considerados em sua elaboração . O primeiro pilar perpassa o documento e todos os requisitos a ele atinentes, tais como assinatura e certificação; o segundo foram os profissionais de saúde envolvidos no processo, principalmente o prescritor e aqueles que dispensam medicamentos; e o último pilar foi o próprio paciente. O capítulo também aborda questões éticas e de compliance que devem ser seguidas pelos provedores de prescrição digital.

“Ter acompanhado todo esse desenvolvimento setorial e ver todas essas coisas que acreditamos como boas práticas consolidadas nesse material é uma alegria imensa, tanto do lado empresarial, como do lado setorial. Não tenho dúvidas de que esse material será muito útil para os próximos reguladores, para a legislação para tudo que vem daqui para frente agora que já estamos certos que telessaúde só começou”, pontuou Marina Jacob.

Interoperabilidade

O tema interoperabilidade, de grande importância no cenário de saúde digital, também ganhou um capítulo no Manual de Boas Práticas de Telemedicina e Telessaúde. A Head de Produtos do Grupo Dasa e coordenadora do capítulo sobre o tema, Fernanda Moura Leite, ressaltou que se trata de um assunto ainda com poucas referências de benchmarking. Desta forma, se faz ainda mais necessário que tecnologia e dados estejam estruturados para garantir melhores cuidados e fornecer uma melhor experiência aos médicos e profissionais da área.

A coordenadora ressaltou que o capítulo contém conceitos e diretrizes gerais para a implementação das melhores práticas de interoperabilidade de dados em saúde, abrangendo inclusive, aspectos informacionais, como modelos mínimos dados mínimos de informação e padrões de dados.

“Foi um desafio coordenar esse grupo de trabalho sobre um tema tão complexo e ainda trazer esse tema com leveza, desde o conceito do que é interoperabilidade, até as diretrizes, mostrando o quanto ela é necessária para avançar com o que se diz respeito à saúde digital. Prezamos muito para que na construção não trouxéssemos somente a visão de algo tecnológico, mas servindo de guia para muitos que têm esse desafio de implementar projetos de interoperabilidade. Fazer isso na íntegra, com todos os desafios tecnológicos e informacionais, é complexo. É preciso saber pensar como quebrar esse problema grande em pequenos problemas, entregando valor para os profissionais e para os pacientes”, ressalta.

Foram destacados também pontos importantes sobre segurança da informação, privacidade de dados e debates relevantes do momento, com o open health e a portabilidade de dados. O último ponto destacado foi que o tema não deve ser encarado como um projeto exclusivamente de tecnologia, e sim de uma construção multidisciplinar, que exige mudanças tecnológicas e de processo.

Segurança da informação

Carlos Pedrotti ressaltou que a segurança da informação na telessaúde e telemedicina, mais do que uma questão moral e ética, está relacionada a implicações legais e que o tema foi abordado no Manual no capítulo coordenado pelo coordenador de Proteção de Dados, Compliance e Regulatório da Conexa, Victor Prata. O capítulo aborda as boas práticas sobre segurança da informação, proteção dos dados pessoais e privacidade. O objetivo é desmistificar os temas e trazê-los de forma simples e palatável àqueles que não têm familiaridade com os temas e também aos players dos setores público e privado de saúde, para que possam construir suas atividades de saúde digital alicerçados pelas melhores práticas de segurança da informação vigentes no mercado.

Veja mais posts relacionados

Próximo Post

Healthcare Management – Edição 92

Healthcare - Edição 92

Healthcare - Edição 92

COLUNISTAS