Christian Schneider, diretor geral da Gilead Brasil, comenta efetividade do rendesivir e os avanços para encontrar a cura do HIV
A pandemia da Covid-19 acelerou pesquisas científicas da indústria farmacêutica por novas drogas e soluções para combater o vírus. O antiviral rendesivir, da Gilead Sciences, foi um dos grandes destaques dessa corrida da ciência.
Segundo dados divulgados pela Gilead Sciences Inc. no World Microbe Forum (WMF), o antiviral rendesivir reduziu a taxa de mortalidade em pacientes internados com Covid-19.
A pesquisa analisou dados de 98.654 pacientes em três estudos diferentes e comprovou que o medicamento reduziu de 23 a 54% o risco de mortalidade dos pacientes.
O rendesivir foi o primeiro medicamento aprovado oficialmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento da Covid-19 no Brasil.
Segundo Christian Schneider, diretor geral da Gilead Brasil, o SARS-Cov-2 apresentava várias similaridades entre outros vírus responsáveis por outras pandemias (MERS e o SARS) permitindo que a pesquisa do medicamento fosse desenvolvida com maior velocidade.
“O rendesivir era promissor contra a Ebola, mas outras drogas foram mais eficientes. Quando nos deparamos com o Sars-Cov-2, nosso primeiro instinto foi aprofundar a pesquisa e o resultado foi extremamente satisfatório.”
Para suprir a alta demanda global pelo medicamento, a Gilead contou com parcerias de licenciamento voluntário para a produção em massa do antiviral. “Em pouco tempo já conseguíamos tratar, em mais de 50 países, aproximadamente 4 milhões de pacientes, manter a produção e atender cada vez mais pessoas.”
Schneider analisa que um dos grandes problemas da saúde brasileira foi a sobrecarga causada pelo grande número de pacientes.
“O número de leitos não é suficiente para a quantidade de pacientes. O rendesivir diminui o tempo de internação e, consequentemente, desafoga o setor como um todo.”
O medicamento já é utilizado pelo setor privado e deve chegar ao SUS em breve. Para que isso aconteça, o mesmo deve ser aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) do Ministério da Saúde.
O rendesivir já foi avaliado pela Conitec e ainda é aguardado um resultado. No entanto, Schneider ressalta que “o produto precisa ser usado no momento certo e pode ser um importante aliado no combate à Covid-19. Estamos apenas dando condições para que os médicos consigam atender mais pacientes e fazer um trabalho melhor.”
Schneider ressalta que, uma vez que a vacina contra o novo coronavírus e medicamentos para a doença estão em circulação, é importante que os governos adotem protocolos para o tratamento desses pacientes.
“Não estamos aqui para vender remédios, mas para salvar vidas. Nosso exército nessa pandemia são os profissionais de saúde e temos que equipar essas pessoas para lutar de forma adequada.”
HIV e Hepatite
Há mais de 30 anos a Gilead foca seus esforços em outros vírus: HIV e Hepatite. “A empresa surgiu na década de 80 em meio a epidemia da Aids e conseguiu trazer medicamentos eficientes contra o vírus.”
Um dos maiores feitos foi tornar o coquetel antiaids em apenas 1 comprimido diário. “Tentamos auxiliar os pacientes da melhor forma possível e esse comprimido único foi muito bem aceito. Estamos desenvolvendo remédios prolongados para que as pessoas possam tomar o remédio uma vez a cada três meses e levar uma vida saudável.”
Schneider afirma que a empresa está se dedicando para encontrar a cura do HIV. “Nossos medicamentos foram evoluindo e esperamos conseguir controlar a propagação da doença e, no futuro, encontrar a cura.”
A Gilead também possui um portfólio completo contra as Hepatites B, C e Delta.
“Nos dedicamos a trazer diversos medicamentos para todas as Hepatites e vamos continuar fazendo isso. Pesquisamos, desenvolvemos e adquirimos empresas com produtos que farão a diferença na vida dos pacientes.”
Os medicamentos da Gilead para Hepatite C foram aprovados pela Anvisa, incorporados pela Conitec e fazem parte do Programa de Combate as Hepatites do Ministério da Saúde.
“Nosso produto para Hepatite B está sendo avaliado pela Conitec e esperamos disponibilizar em breve no SUS. Ainda não iniciamos o registro na Anvisa do nosso produto para tratar a Hepatite Delta, mas é um dos nossos próximos passos”, explica Schneider.
Próximos passos
Os próximos passos da Gilead envolvem o foco em uma nova especialidade: a oncologia. A empresa de biotecnologia Immunomedics, que possui um importante medicamento contra o câncer de mama chamado Trodelvy, foi comprada pela farmacêutica por USS$ 21 bilhões.
Além disso, a Gilead também possui estudos relacionados ao câncer hematológico com resultados promissores.
“Utilizamos o sangue do paciente para desenvolver um anticorpo personalizado e exclusivo. Utilizamos uma tecnologia americana para conseguir esse feito e esperamos chegar a grandes conclusões em breve.”