Durante quatro dias, o maior encontro de gestão na Saúde ofereceu conteúdo, networking e momentos de lazer
O Healthcare Conference 2024 foi palco de um debate crucial sobre um dos temas mais relevantes e disruptivos da atualidade: O impacto da IA na Saúde. Com a escalada das tecnologias de inteligência artificial e generativas, a medicina vem passando por uma transformação radical, otimizando diagnósticos, personalizando tratamentos e ampliando o acesso à assistência médica de qualidade. O evento reuniu grandes nomes do setor para discutir os desafios e as oportunidades dessa revolução tecnológica.
O painel contou com a participação de Alex Vieira, CIO no HCor; Marco Bego, Diretor no INRAD – Instituto de Radiologia HCFMUSP e Chief Innovation Officer no InovaHC; Luisa Fleury, Gerente de Estratégia e Inovação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; e Guilherme Bunse, Diretor Comercial da Salux Technology e CEO da StarGrid. A moderação ficou a cargo de Vitor Ferreira, CIO do Sabará Hospital Infantil. Juntos, eles exploraram como a IA está transformando o setor da saúde e apontaram as barreiras para sua plena adoção.
O potencial da IA e os desafios da implementação
O debate revelou um consenso entre os especialistas: a IA oferece um potencial revolucionário para o setor da saúde, mas sua implementação exige mais do que apenas avanços tecnológicos.
Para Alex Vieira, o impacto da IA na saúde vai muito além da simples adoção de novas tecnologias. “A cada vez que sento em uma mesa para discutir IA, eu mudo de opinião”, confessou Vieira, destacando a complexidade e a constante evolução dessa área. Ele ressaltou que a discussão sobre IA não é nova, mas que a popularização do tema trouxe novos desafios. “Estamos discutindo muito sobre tecnologia propriamente dita, mas pouco sobre como a IA será incorporada nas instituições de Saúde”, afirmou.
Segundo Vieira, “o Brasil está entre os três países que mais utilizam IA, mas ocupa a 49ª posição em termos de investimento.” Ele enfatizou que, embora o país tenha abraçado a tecnologia, os investimentos necessários ainda são insuficientes para garantir que ela atinja seu máximo potencial. “Temos que pagar muito caro para os países que estão investindo”, alertou.
Vieira também destacou que o sucesso da IA não depende apenas de sua introdução, mas de uma mudança cultural dentro das instituições de saúde. “IA não é um produto, é uma cultura”, afirmou, chamando a atenção para a necessidade de integrar a tecnologia ao ambiente institucional.
Luisa Fleury, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, compartilhou uma visão similar, ressaltando que a implementação da Inteligência Artificial (IA) na saúde ainda está em fase de desenvolvimento. “A forma que a IA vai acontecer ainda está sendo formulada”, comentou Fleury, ao falar sobre o estágio atual da adoção dessa tecnologia no setor hospitalar.
“Poucos hospitais estão utilizando a IA de forma pontual, mas no Oswaldo Cruz ela está no nosso plano de inovação a longo prazo”, revelou, indicando que a instituição está comprometida em avançar na integração dessas ferramentas de forma sistemática e sustentável.
A revolução que precisa de bases sólidas
A moderação de Vitor Ferreira trouxe à tona um ponto essencial: a IA não pode prosperar sem uma infraestrutura adequada. “O que vem antes da IA é muito importante. Às vezes, estamos querendo correr antes de caminhar”, afirmou, sugerindo que antes de abraçar a IA em larga escala, é fundamental construir um ambiente apropriado para seu funcionamento. Ele também ressaltou que, além da IA, é preciso considerar um ecossistema mais amplo de tecnologias que sustentam essa inovação.
“Não é só a IA, mas é o cenário de inteligência, com uma série de tecnologias, que precisa ser considerado.”
O debate também abordou o aspecto da confiança nos sistemas de IA, com Marco Bego, do INRAD e InovaHC, destacando as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde em aceitar essas inovações. “Precisamos mudar essa previsão para que os profissionais (radiologistas – no caso no INRAD) possam aderir e confiar na IA”, observou, mencionando que o modelo de negócios por trás dessas soluções ainda não está plenamente desenvolvido.
Bego enfatizou que, apesar da disrupção promovida pela IA, é fundamental aplicá-la para resolver problemas reais e entender seu impacto em profundidade. “Nunca estive diante de algo tão disruptivo, mas precisamos aplicar a IA para resolver problemas reais. É uma evolução, mas precisamos entender isso com profundidade”, concluiu.
IA e o acesso democrático à saúde
A democratização da saúde por meio da IA foi um dos temas centrais trazidos por Guilherme Bunse, da Salux Technology e da StarGrid. “Nosso propósito [como fornecedora] é democratizar a saúde, levando mais eficiência para os nossos clientes, e contribuindo para encontrar soluções para suas necessidades, sem que eles paguem preços estratosféricos por isso”, destacou Bunse, reforçando o papel da IA em tornar a saúde mais acessível e eficiente. Ele ainda revelou que a Salux já aplica IA em algumas de suas soluções, buscando entender as dores dos clientes e oferecer tecnologias que realmente gerem valor.
Futuro promissor, mas desafios à vista
O debate encerrou com um consenso otimista sobre o futuro da IA na saúde, mas com uma clara consciência dos desafios pela frente. A IA já está transformando a forma como lidamos com a medicina, tornando-a mais precisa, personalizada e eficiente. No entanto, como enfatizado pelos debatedores, o sucesso dessa revolução depende da construção de uma infraestrutura robusta, de mudanças culturais dentro das instituições e de investimentos significativos.
Com tecnologias generativas e algoritmos cada vez mais sofisticados, vislumbra-se um futuro onde a IA desempenhará um papel central na promoção do bem-estar e na prevenção de doenças. O caminho é promissor, mas exige cautela, planejamento e uma compreensão profunda dos desafios à frente.
Healthcare Conference 2024
Estrategicamente projetado para unir conteúdo, networking, negócios e lazer, o Healthcare Conference 2024 foi realizado de 26 a 29 de setembro no paradisíaco Vila Galé Eco Resort de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
Em sua 10ª edição, o evento reuniu as maiores lideranças do setor de saúde para discutir o tema “Saúde de Ouro: a Estratégia de Campeões”, uma referência às Olimpíadas de Paris 2024.
A proposta central foi refletir sobre os aspectos em que a Saúde brasileira se destaca e em quais áreas ainda busca seu lugar no pódio.