A paisagem do bairro do Morumbi, em São Paulo, abriga desde o início de agosto um dos complexos hospitalares mais modernos da América Latina. Trata-se do Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein – Campus Cecília e Abram Szajman, que agrega à estrutura do hospital uma nova edificação voltada ao ensino de última geração das disciplinas de saúde.
Com design do escritório Moshe Safdie, sediado em Boston, nos Estados Unidos, o projeto tem a Perkins&Will como responsável pelo planejamento educacional, laboratorial e de saúde, responsável técnica e por fazer o acompanhamento da obra. A empresa global de arquitetura com 27 estúdios no mundo destacou a filial brasileira para liderar o processo, com apoio das filiais de Miami e Washington.
O time atuou sob a liderança de Lara Kaiser, diretora de Operações e Healthcare Design Leader da Perkins&Will São Paulo, que, após dez anos vivendo na Inglaterra e uma ampla bagagem em projetos de saúde e educação, juntou-se à firma global com a missão de conduzir este projeto.
“O mais desafiador de coordenar um projeto internacional é justamente ser o centro que conecta todas as pontas. Ainda na concepção, o projeto ficou com uma equipe americana, depois fizemos o handover para os especialistas brasileiros, que assumiram a responsabilidade técnica. Isso demandou uma diversidade de conhecimento e um profundo entendimento dos dois países na interpretação da materialidade”, afirma Lara.
O centro chegou a demandar 15 arquitetos trabalhando ao mesmo tempo. Para Lara, embora o Brasil disponha de um bom entendimento tecnológico e sistemas avançados, sofre com questões crônicas. A primeira é muitas vezes permitir que restrições orçamentárias comprometam a qualidade final.
Nesse sentido, o CEP Einstein é um ícone não apenas para a arquitetura, mas para uma mudança de mentalidade. Outro ponto diz respeito às normas técnicas brasileiras, que precisam ser atualizadas para a realidade contemporânea.
Hospital voltado ao aprendizado
Com investimento estimado em R$ 700 milhões, o Einstein evoluiu de um hospital com uma universidade para um complexo hospitalar de ponta. Para tanto, foram criadas salas de aula e laboratórios amplos o suficiente para acomodar alunos e docentes.
A sala limpa foi outro item de complexo desenvolvimento, assim como as salas de centro cirúrgico e de UTI capazes de comportar robôs voltados a exercícios de simulação, onde os estudantes são postos à prova em diversas situações.
A automatização e o cuidado acústico estão presentes em todo o edifício. Foi feito ainda um mock up na Alemanha para simular as condições da cobertura de vidro sobre o átrio central. Com cobertura verde, captação de água de chuva, vagas para carros elétricos e uma ampla revisão do projeto luminotécnico, reduzindo o consumo energético, o projeto alcançou padrão Leed Gold junto ao Green Building Council.
Subsolos com luz natural
Por estar situado em um bairro predominantemente residencial, o edifício explorou três subsolos e mais cinco pavimentos para comportar os 45.000 m2 necessários ao programa. Os espaços abaixo do nível do solo recebem luz natural por meio do poço inglês, baseado em uma escavação envoltória que viabilizou um jardim vertical por onde entra a claridade, circundando as janelas com uma encosta verde. O recurso dialoga com o verde do átrio central, onde se destaca o paisagismo de Isabel Duprat. “Conseguimos criar um ambiente harmônico, reconfortante e que favorece a concentração dos alunos, numa solução de design humanizado”, resume Lara Kaiser.