Pesquisa é oportunidade para o desenvolvimento dos hospitais, por Rodrigo Lopes
A pandemia da Covid-19 colocou claramente, aos olhos de todos, o importante papel da pesquisa para o desenvolvimento da sociedade. Há um trabalho urgente sendo feito por instituições de todo o mundo, na busca pela tão esperada vacina contra o novo coronavírus.
A imunização ainda é incerta. Mas, desde o final do ano passado, profissionais de saúde de todo o mundo, trabalhando sob forte pressão, conseguiram avançar rapidamente em um curto espaço de tempo. Se ainda não temos a vacina, já é possível lidar melhor com os quadros dos pacientes, com novas abordagens e diretrizes que estão salvando vidas e proporcionando melhor prognóstico.
Isso acontece porque há um forte empenho das equipes de pesquisa dos próprios hospitais, que trocam e aplicam o conhecimento diretamente na assistência. Historicamente, todos os mais importantes centros de saúde ao redor do mundo adotam essa estratégia. O evento da covid-19 mostrou como isso é benéfico para os pacientes, que têm à disposição o que há de mais atual para o seu tratamento.
Mas, para as instituições de saúde, investir nessa área também possui valor estratégico muito relevante. Centros de pesquisa geram conhecimento valioso e uma atividade acadêmica dinâmica, que contribui para atrair e reter os melhores talentos para os hospitais. Ao mesmo tempo, proporciona a qualificação do corpo clínico, que estará em contato com as melhores práticas e a melhor atualização para sua atividade.
Por esta razão, o Grupo Leforte tem expandido as atividades do seu Centro de Estudos, que desde 2003 funcionava exclusivamente dentro do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André. Desde o início de 2020, temos levado a sua atuação para as unidades Liberdade e, mais recentemente, Morumbi.
Hoje, são mais de 20 ensaios clínicos, seja como coordenador nacional ou integrante de trabalhos multicêntricos, em parceria com outras instituições do Brasil e do exterior, em diferentes áreas da saúde, liderados pelo diretor médico, Eduardo Ramacciotti, especialista na área cardiovascular, e por Leandro Agatti, diretor executivo do Centro. Outros estudos clínicos direcionados para o tratamento de covid-19, incluindo a busca pela vacina, são aguardados para breve.
Com essa estratégia, o Grupo Leforte consolida sua estratégia como instituição referência em inovação e pesquisa clínica nacional e internacional, em um momento desafiador. De acordo com o relatório “A importância da pesquisa clínica para o Brasil”, elaborado pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), nosso País “ocupa a 24ª colocação no ranking mundial de pesquisa clínica, com apenas 2,1% dos estudos” – uma queda de sete posições em dez anos. O documento ainda afirma que “com o melhor aproveitamento de seu potencial, o Brasil poderia saltar para a 10ª colocação, atraindo um investimento estimado de R$ 2 bilhões, com efeitos na economia ainda maiores, em torno de R$ 5 bilhões.”
Ou seja, no momento em que os recursos públicos para o fomento da pesquisa são escassos – e deverão ser ainda menores diante do desafio orçamentário gerado pela própria pandemia –os hospitais têm condições de atrair recursos financeiros importantes para o desenvolvimento do conhecimento e a melhoria contínua da assistência. Mais do que um desafio, temos uma oportunidade de avançar na área da inovação, gerando benefício para todos o sistema de saúde.
**Artigo escrito por Rodrigo Lopes, CEO do Grupo Leforte e presidente do Masterclass de Gestão Hospitalar na SAHE´21