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Pitch Reverso: ABIMED promove colaboração entre indústrias

Modelo de inovação aberta aproxima hospitais, indústrias e startups para resolver desafios reais da saúde

A ABIMED promoveu, durante a Hospitalar 2025 — a maior feira de saúde da América Latina —, um dos painéis mais inovadores e interativos de sua programação exclusiva: o Pitch Reverso.

O modelo inverte a lógica tradicional dos eventos de inovação, permitindo que hospitais e instituições de saúde exponham seus desafios operacionais e clínicos, enquanto startups, indústrias e fornecedores propõem soluções tecnológicas e processuais.

O painel contou com a participação de Manuel Coelho, executivo de Marketing Estratégico da Siemens Healthineers, Marina Gutierrez, Marina Gutierrez, líder sênior de soluções inovadoras da Johnson e Johnson no Brasil e Isabele Vicente, Diretora de Inovação & Iniciativas Digitais na BIOTRONIK, sob a mediação de Aurélio Carmona, conselheiro de Administração da ABIMED e Managing Director da Getinge Brasil.

Ao longo da discussão, foram abordados temas centrais para o setor: interoperabilidade, inteligência artificial, jornadas digitais do paciente e o papel estratégico da inovação aberta.

O que é o Pitch Reverso e por que ele transforma a saúde?

Logo na abertura, Aurélio Carmona apresentou o conceito do Pitch Reverso, ressaltando seu potencial para acelerar processos de inovação no setor de saúde, tradicionalmente marcado pela rigidez regulatória e pela fragmentação de soluções.

“O Pitch Reverso promove uma aproximação sincera e colaborativa entre quem enfrenta problemas concretos e quem pode solucioná-los, quebrando barreiras e acelerando a inovação aberta”, explicou Carmona.

Essa dinâmica cria um espaço onde o hospital deixa de ser apenas um “comprador” e passa a ser um co-criador de soluções, enquanto fornecedores e startups ganham insights valiosos sobre necessidades reais do ambiente hospitalar.

Interoperabilidade: o desafio da integração de sistemas na saúde

Um dos temas centrais da conversa foi a interoperabilidade. Para Manuel Coelho, da Siemens Healthineers, o setor de saúde precisa urgentemente superar a fragmentação entre sistemas e tecnologias.

“Hoje, a interoperabilidade virou um caso que precisa ser atacado, mas muita gente ainda não sabe exatamente o que significa. Trata-se de conectar soluções de diferentes empresas, de forma integrada, para beneficiar o paciente e o hospital”, pontuou.

Manuel citou o exemplo de uma rede pública de saúde em São Paulo que, com apoio da Siemens, conseguiu consolidar informações clínicas em um sistema único e em tempo real, permitindo que médicos tivessem acesso instantâneo ao histórico do paciente, incluindo todos os exames, doenças e tratamentos realizados.

“Quando o paciente chega para uma cirurgia, o sistema já sinaliza que ele tem um exame antigo relevante. Isso evita redundâncias, reduz riscos e melhora a eficiência clínica”, afirmou.

Esse exemplo reforça como a interoperabilidade pode impactar positivamente o tratamento de doenças complexas, como o câncer, ao evitar exames desnecessários e permitir decisões terapêuticas mais precisas e seguras.

A Biotronik e a busca pela inovação contínua e colaborativa

Isabele Vicente, da Biotronik, enfatizou que a inovação na saúde deve ser pensada como um processo contínuo, não como um evento pontual.

Ela ressaltou que, com a rápida evolução tecnológica, soluções que hoje são consideradas inovadoras podem se tornar obsoletas em pouco tempo.

“O que hoje é inovador, amanhã pode não ser mais. Por isso, precisamos ter uma intenção estratégica de inovação constantemente realinhada”, explicou.

Segundo Isabele, o Pitch Reverso é uma oportunidade para as indústrias saírem da zona de conforto, ouvirem os desafios reais dos hospitais e cocriar soluções que gerem valor não apenas para as empresas, mas também para os pacientes e para a sustentabilidade do sistema de saúde.

Case de sucesso: jornada digital para pacientes com fibrilação atrial

Marina Gutierrez, da Johnson & Johnson MedTech, apresentou um dos casos mais emblemáticos do poder transformador da inovação aberta. A empresa estruturou um Escritório de Transformação e Inovação, focado em três pilares fundamentais:

  1. Eficiência logística hospitalar
  2. Desenvolvimento de linhas de cuidado integradas
  3. Inovação aberta e transformação digital

Um dos resultados mais expressivos dessa estratégia foi a criação de uma jornada digital para pacientes com fibrilação atrial, utilizando inteligência artificial (IA) para análise de exames e diagnóstico precoce.

“Em parceria com o Hospital 9 de Julho, conseguimos analisar mais de 14 mil eletrocardiogramas automaticamente. O resultado foi um aumento de 132% no diagnóstico de fibrilação atrial, permitindo prevenir eventos graves como AVCs e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes”, destacou Marina.

Comunicação eficiente: o uso de canais familiares para melhorar a adesão

Outro ponto ressaltado por Marina foi a necessidade de adaptar as soluções tecnológicas aos hábitos do paciente.

Ela explicou que o projeto evitou exigir que os pacientes baixassem novos aplicativos, optando por usar canais já familiares, como o WhatsApp.

“Quando pedimos para o paciente baixar um app novo, a adesão cai muito. Então, usamos o WhatsApp para entregar conteúdos educativos, orientações e lembretes, facilitando o engajamento e a continuidade do tratamento”, relatou.

Essa abordagem demonstrou como a experiência do usuário é determinante para o sucesso das iniciativas de inovação na saúde.

Pitch Reverso na prática: colaboração entre indústrias

Durante o painel, houve um momento emblemático em que Aurélio Carmona percebeu a sinergia entre soluções da Johnson & Johnson e da Siemens Healthineers.

“Acabei de descobrir que o produto da Johnson tem muito a ver com a conectividade com o produto na Siemens. Aqui também está acontecendo um Pitch Reverso entre as indústrias!”, comentou, com entusiasmo.

Esse exemplo ilustra como o Pitch Reverso não apenas aproxima hospitais e startups, mas também estimula a colaboração entre grandes indústrias, tradicionalmente vistas como concorrentes, mas que podem, juntas, criar soluções mais completas e integradas.

Como o modelo se espalha pela América Latina

Marina Gutierrez compartilhou ainda que a Johnson & Johnson MedTech tem implementado o modelo de Pitch Reverso em diversos países da América Latina, incluindo México, Argentina e Brasil.

“Descobrimos que, mesmo no Brasil, há formas diferentes de fazer inovação aberta, como vimos em iniciativas no Mato Grosso e no Sul do país. O importante é ter uma metodologia clara, que permita aos hospitais identificar as diversas etapas do processo e escolher a melhor para sua realidade”, explicou.

Segundo ela, o modelo já ajudou a resolver problemas importantes que, muitas vezes, os hospitais nem sabiam que poderiam ser endereçados dessa forma.

A paixão como motor da inovação em saúde

Por fim, os participantes concordaram que, além de processos e tecnologias, a paixão é o que move os profissionais da saúde a inovar continuamente.

“Quem trabalha com saúde precisa ter muita paixão, porque lida com a dor do outro. E isso, no longo prazo, acaba sendo difícil, mas também profundamente gratificante”, concluiu Marina.

Pitch Reverso: um caminho promissor para o futuro da saúde

O painel mostrou que o Pitch Reverso é uma poderosa ferramenta para promover a inovação no setor de equipamentos e dispositivos médicos, estimulando a integração entre empresas, startups, hospitais e governos. Mais do que uma metodologia, trata-se de uma mudança cultural, que coloca o paciente no centro e a colaboração como motor da transformação.

Esse debate fez parte da programação exclusiva da ABIMED na Hospitalar 2025, reforçando a liderança da entidade na promoção de discussões estratégicas para o avanço do setor de saúde no Brasil e na América Latina.

O pitch reverso é um modelo de interação entre grandes empresas e o ecossistema de inovação onde, em vez de startups apresentarem suas soluções (pitches), são as indústrias que apresentam seus desafios reais – estratégicos, operacionais ou tecnológicos.

Vantagens para as indústrias

  • Acesso a ideias e tecnologias já validadas por terceiros
  • Testes rápidos com menor custo
  • Visão externa e novas abordagens para desafios antigos
  • Parcerias que fortalecem a competitividade e a imagem de marca inovadora
  • Vantagem para startuos
  • Clareza sobre as demandas reais do mercado
  • Redução do ciclo de vendas e validação de produto

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