“Precisamos encontrar soluções sustentáveis para o ecossistema da Saúde”, defende VP da Medtronic no Brasil

Em entrevista à HCM, Felipe Barreiro, VP da Medtronic, e Igor Zanetti, diretor de Acesso e assuntos corporativos, explicam os novos passos da empresa para a saúde no país

 

Dobrar o tamanho da operação no Brasil para os próximos quatro anos. Essa é a meta da Medtronic no país que, hoje, está sob a liderança de Felipe Barreiro.  “Vamos continuar apoiando a saúde pública e privada brasileira, apostando em tecnologias híbridas e inteligência artificial”, afirma o novo vice-presidente da empresa.

Completando 50 anos de atuação no Brasil, a Medtronic sabe do potencial da saúde no país. Reflexo dessa importância está nos números. Em 2020, mesmo diante dos problemas decorrentes da pandemia, com impacto diretos em algumas linhas, a empresa investiu 5% a mais no Brasil comparado a 2019.

A curto prazo, Barreiro e sua equipe trabalha para restabelecer o fluxo normal de todas as operações. “Acredito que isso já aconteça nos próximos anos.”

Felipe Barreiro, VP da Medtronic no Brasil

Já pensando em um futuro a longo prazo, o VP explica que as metas são aumentar o acesso à saúde

“Temos muitas pessoas que, devido às complexidades territoriais e econômicas, simplesmente não têm acesso à saúde. Queremos estar na vanguarda e levar Saúde a todos os cidadãos brasileiros.”

Hoje, a Medtronic conta com uma rede de 90 distribuidores e, segundo Barreiro, ainda há a necessidade de melhorar a malha logística para apoiar os centros mais distantes.

Manter e fomentar o investimento em novas tecnologias também estão nos planejamentos da Medtronic. No ano passado, a empresa lançou 16 novas tecnologias para o mercado brasileiro e, para 2021, são esperadas mais 13 soluções inéditas.

Saúde Baseada em Valor

A Saúde Baseada em Valor norteia as ações da Medtronic com seus parceiros. “Esse é um dos nossos temas prioritários, pois temos que mostrar porquê as nossas tecnologias são justificáveis, inclusive do ponto de vista econômico”, ressalta Barreiro.

Sob essa visão, a equação custo da tecnologia x benefícios clínicos deve trazer resultados que justifiquem o uso ou não da nova tecnologia. “Trabalhamos para que essa matemática seja favorável, independentemente do custo final da tecnologia, inclusive o preço deve ser relativizado em função dos benefícios clínicos que a tecnologia traz. Conseguimos oferecer soluções adequadas sem deixar cair a qualidade e com preço acessíveis.”

Com essa política, a Medtronic já está desenvolvendo trabalhos no setor em parceria com outras instituições de saúde nas áreas de cirurgia bariátrica e diabetes. São projetos que ainda estão em fase embrionária e que visam a entrega de valor para o setor.

Mas essas iniciativas ainda são minoria quando se avalia o sistema como um todo. Para Barreiro, há um desiquilíbrio nas relações entre hospitais, planos de saúde, médicos e pacientes.

“Precisamos encontrar soluções sustentáveis para o ecossistema da Saúde.”

Para Igor Zanetti, diretor de Acesso e assuntos corporativos da Medtronic Brasil

A incorporação de tecnologias no sistema de saúde interfere diretamente nos custos e na sustentabilidade de todo o sistema. Para Igor Zanetti, diretor de Acesso e assuntos corporativos da Medtronic Brasil, o cenário de incorporação de novas tecnologias no SUS vem avançando. “Observamos uma boa vontade do Ministério da Saúde nesse sentido. O processo de submissão de tecnologia já foi muito moroso, mas, hoje, com a CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – foi estabelecido um fluxo claro onde sabemos em que etapa está a avaliação. A partir do momento em que fazemos a solicitação, temos 180 dias para obter uma resposta”, explica Zanetti.

O diretor de Acesso ressalta que a Covid-19 forçou uma maior agilidade no mercado para atender a urgente demanda, o que significou mudança tanto na indústria com no governo. “A indústria, os pagadores e os prestadores de serviço precisam caminhar conjuntamente. O sistema de saúde vive um momento delicado porque os recursos são limitados e as necessidades cada vez maiores. Está claro que precisamos de mais eficiência em processos e no desenvolvimento de novos produtos.”

Atualmente, a CONITEC concedeu avaliação positiva do procedimento de Trombectomia Mecânica. A Medtronic é uma das desenvolvedoras do stent que é utilizado na técnica, uma das mais avançadas no tratamento de pacientes com AVC isquêmico, com eficácia comprovada na redução de sequelas. A incorporação pelo órgão teve como base o estudo clínico RESILIENTE. Esse é o primeiro estudo realizado em um país em desenvolvimento para evidenciar a diminuição do grau de incapacidade (sequelas) e a custo-efetividade de tratamentos para retirada de coágulos do cérebro nos quadros graves de AVC (Acidente Vascular Cerebral). A pesquisa atesta ainda a viabilidade da aplicação da terapia trombectomia mecânica (cateterismo cerebral) em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Realizamos avaliações clínicas e econômicas para essa nova solução, além de consulta pública, análise de técnicos. Todo esse estudo concluiu que a tecnologia é algo necessário e com custo efetivo”, salienta Zanetti.

O VP da Medtronic reforça a importância da conquista: “O Brasil registra cerca de 400 mil casos por ano de AVC, sendo que 100 mil chegam a óbito. Ou seja, estamos diante de uma tecnologia de extrema importância e que salvará vidas de milhares de brasileiros por ano”, salienta Barreiro.

 

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