Os três primeiros meses de 2022 registraram alta de 20% no consumo aparente de Dispositivos Médicos (DMs), no Brasil, que é soma da produção nacional e das importações, descontadas as exportações.
Este foi o melhor resultado trimestral em oito anos. Os dados são do Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS).
O saldo positivo foi impulsionado pelo crescimento de 24,3% no consumo aparente de ‘Reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro’, principalmente no “point of care” – farmácias.
As exportações também tiveram bom desempenho e alta de 18,9%. Já a produção doméstica de ‘Instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e artigos ópticos’ caiu 5,5%, entre janeiro e março, na comparação com igual período do ano passado.
O setor de DMs contratou mais no primeiro trimestre do ano, com a abertura de 4.301 novos postos de trabalho nas atividades relacionadas à fabricação e distribuição, alta de 2,8%.
Atualmente são 159.421 trabalhadores nesse mercado, número que não inclui os empregados em serviços de complementação diagnóstica e terapêutica.
Apesar dos bons números, para os próximos meses, a projeção não é tão otimista.
“As perspectivas para a inflação de médio e longo prazos são bastante desafiadoras para os gestores da política pública no planeta. A pandemia e o conflito entre Rússia e Ucrânia têm exercido importantes implicações geopolíticas, que também afetam a economia global. Pode haver refreamento na globalização, com diminuição no comércio exterior e impacto geral, resultando no aumento de custos para várias indústrias, incluindo a de dispositivos médicos. Teremos que lidar com pressões de custo no lado da oferta e com aperto nas margens de lucro das empresas no lado da demanda, o que poderá inibir a incorporação de novos trabalhadores ao sistema de saúde suplementar”, analisa o diretor executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes.
Crescimento
O Boletim também revela que o setor de Dispositivos Médicos cresceu 0,5% no primeiro trimestre de 2019, comparado a igual período do ano passado.
O número positivo é resultado, principalmente, da produção doméstica, que teve alta de 9,9%. Já as importações recuaram 5,7%, com um total de US$ 1,3 bilhão em negócios.
No acumulado de 12 meses, o setor apresenta alta de 14,2% nas importações e 7,9% nas exportações.
“Apesar da desaceleração no crescimento, os resultados são satisfatórios, diante da realidade econômica do país e queda acumulada de 0,7% na produção industrial brasileira, nos três primeiros meses do ano, comparado com o quarto trimestre de 2018”, afirma o diretor-executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes. “A alta no número de novos hospitais e serviços de diagnóstico explica o crescimento. Entre janeiro e março deste ano, foram abertos 280 novos estabelecimentos dedicados à atividade de complementação de serviços de diagnóstico e terapia e 44 hospitais”, analisa.
Em 2019, foram abertas 1850 vagas nas atividades industriais e comerciais do setor de Dispositivos Médicos, totalizando o contingente de 140.790 trabalhadores no setor, número que não inclui os empregados em serviços de complementação diagnóstica e terapêutica.
Entre os segmentos, destaca-se a criação de 917 postos de trabalho na ‘Indústria de instrumentos e materiais para uso médico e odontológico e de artigos ópticos’
“Estamos apostando em um segundo semestre melhor, com investimentos no setor. Há indícios de crescimento em fusões e aquisições em diversas áreas, inclusive na Saúde. Em 2018, foram 43 fusões e aquisições no segmento, 10 a mais que em 2017. Esta é uma tendência”, avalia José Márcio Cerqueira Gomes.
O Boletim Econômico ABIIS é desenvolvido pela Websetorial Consultoria Econômica.