Relatório do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo aponta desabastecimento de medicamentos em hospitais no Estado

Os dados foram baseados em 234 respostas de farmacêuticos atuantes na área hospitalar

Um relatório que acaba de ser divulgado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, CRF-SP, após receber 234 respostas de farmacêuticos atuantes na área hospitalar em todo o Estado, apontou que de acordo com 77% dos que responderam ao questionário, há problemas de desabastecimento de medicamentos em seus locais de trabalho, já 53% destacaram a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e 44% a falta de produtos para a saúde.

Os dados foram apresentados pela diretoria do CRF-SP em uma videoconferência com a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica do Estado de São Paulo, órgão ligado à Secretaria Estadual da Saúde, com o objetivo de manifestar a preocupação do CRF-SP com a possibilidade de desabastecimento de medicamentos administrados em pacientes internados em hospitais paulistas para o tratamento da covid-19.

O presidente do CRF-SP, Dr. Marcos Machado, reitera que o CRF-SP está à disposição para auxiliar e evitar que a situação se agrave. “Nós, como entidade de classe, nos preocupamos com essa situação. Então, nos antecipamos para saber como podemos colaborar de forma efetiva”.

A questão será levada a todas as esferas governamentais, conforme destaca o vice-presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, pois quem mais sofre com essa situação são os profissionais da saúde que estão na linha de frente e a população, acima de tudo. “Não será por falta de planejamento e preocupação que vamos vivenciar em São Paulo o que aconteceu no Estado do Amazonas, por exemplo. A História irá mostrar que fizemos a nossa parte”.

Levantamento

Para a elaboração do relatório, as respostas ao questionário que contou com 29 perguntas,  foram recebidas entre os dias 06/02/21 a 03/03/21 e apontaram entre os principais motivos para o desabastecimento, a escassez de mercado, alta demanda não esperada e preço impraticável.

Do total de respostas, 44% dos farmacêuticos atuam em hospitais particulares, 18,4% em públicos (parceria privada ou terceirização), 17,1% em filantrópicos, 16,24% em públicos (administração direta) e os demais se dividem em beneficente, misto, autarquia estadual e outros.

Nos 103 estabelecimentos privados, 77 sofrem com o desabastecimento de medicamentos, 29 sofrem com a falta de EPIs e 27 sofrem com a falta de produtos para a saúde. Entre os 43 públicos por parceria direta ou terceirização, 32 sofrem com o desabastecimento de medicamentos, 8 com a falta de EPIs, 9 com a falta de produtos para a saúde e 1 com a falta de oxigênio medicinal.

Entre os medicamentos apontados, os sedativos (midazolam, fentanil e propofol) e os neurobloqueadores musculares (atracúrio, rocurônio, cisatracúrio) foram os mais citados entre todos os segmentos, além de heparina e escopolamina com dipirona. Em relação aos EPIs, as luvas foram os mais citados em todos os segmentos, porém, as máscaras e os aventais foram citados por vários profissionais. Entre os produtos para a saúde, a mais citada foi a seringa, seguida por cateter e sonda.

Desabastecimento de medicamentos, EPIs e produtos para a saúde em cada estabelecimento

Natureza jurídica Medicamentos EPIs Produtos para a saúde
Privado 75% 28% 26%
Público (parceria direta ou terceirização) 74% 18% 21%
Filantrópico 78% 34% 24%
Público (administração direta) 89,5% 39,5 31,5%
Beneficente 100% 50%
Misto 50% 25% 0
Autarquia federal 0 0 0

Confira o relatório na íntegra http://www.crfsp.org.br/images/arquivos/Relatorio_abastecimento_word.pdf

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