Renato Vieira, da BP: “A educação em saúde deve estar integrada à educação em tecnologia”

Instituição prevê investimentos em tecnologia e inovação na educação médica como estratégia para o futuro da Saúde

Os desafios na educação médica são significativos e complexos. Formar profissionais altamente qualificados em um mercado competitivo exige tempo, investimento e uma abordagem inovadora. A integração de tecnologias avançadas, como realidade aumentada e inteligência artificial, está remodelando o ensino em saúde, melhorando a experiência e a eficácia do aprendizado.

Nessa esteira, a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo está investindo, inicialmente, cerca de R$ 70 milhões para a nova faculdade. O objetivo é chegar a 2.500 alunos na graduação em um prazo de 7 a 10 anos.

Segundo Renato José Vieira, diretor-executivo de Desenvolvimento Médico, Técnico e de Educação e Pesquisa da BP, o pontapé inicial será a oferta de alguns cursos de curta duração e pós-graduações na área da saúde, com uma visão de médio prazo em direção à graduação em Enfermagem e Psicologia, previstas para 2026, e em Medicina, para 2027, além de outras áreas da saúde futuramente.

“Com o credenciamento pelo MEC como Instituição de Ensino Superior, estamos preenchendo uma lacuna importante, trazendo cursos de graduação. Os alunos serão incentivados a participar de projetos de pesquisa desde o início de sua formação, com oportunidades únicas de desenvolver habilidades de investigação, análise crítica e resolução de problemas. Além disso, a BP apoiará ativamente seus docentes e pesquisadores na condução de estudos inovadores, fornecendo recursos e infraestrutura adequados”, destaca.

Vieira acredita que a evolução dos cuidados de saúde deve ser acompanhada por iniciativas educacionais robustas para capacitar tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes a aproveitar ao máximo essas tecnologias.

O aprendizado de tecnologia será incluído em todas as ofertas da BP Educação e Pesquisa. “Entendemos que a educação em saúde deve estar integrada à educação em tecnologia, pois ela transforma a maneira como geramos valor na área da saúde. É essencial que os profissionais sejam preparados para utilizar e desenvolver soluções tecnológicas, uma vez que isso influencia diretamente suas carreiras e a saúde das pessoas. A democratização do acesso à saúde, aliada à educação para a saúde, será decisiva para alcançar um sistema de saúde mais eficiente, centrado no paciente e sustentável no futuro”, pontua.

Futuro promissor

Vieira vê um futuro em que os avanços tecnológicos redefinem o papel dos hospitais, e prevê que as instituições do futuro serão mais especializadas, focadas em tratamentos complexos e emergências graves. Enquanto isso, os cuidados de saúde primários e a gestão de doenças crônicas serão descentralizados para ambientes mais acessíveis, equipados com tecnologia avançada.

“Essa descentralização ajudará a aliviar a pressão sobre os grandes hospitais, mas também permitirá que as pessoas recebam cuidados personalizados e contínuos no conforto de suas casas. Dispositivos e sensores inteligentes monitorarão constantemente a saúde e fornecerão dados valiosos para a prevenção e manejo de doenças”, afirma.

A visão do diretor-executivo inclui uma colaboração estreita entre profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, psicólogos e especialistas em saúde digital para formar uma rede integrada de apoio ao paciente. “Isso proporcionará cuidados coordenados e eficazes, garantindo que cada paciente receba o tratamento mais adequado no momento certo,” destaca.

No entanto, ele também aponta que a evolução tecnológica exigirá dos profissionais de saúde uma formação humana profunda e uma capacidade de empatia. “Este é um desafio significativo em um mundo onde as relações humanas muitas vezes estão em xeque.”

Quanto ao atendimento ao paciente e combinação de tecnologias avançadas com uma abordagem humanizada, Vieira exprime o desejo da Instituição atuar como um agente pulsante em um ecossistema onde seja possível conectar cuidado humanizado e inovação a cada etapa da jornada do paciente. “A experiência e as necessidades dos clientes então no centro das nossas decisões e a inovação permeia essa jornada, guiando-nos a elevar a qualidade dos cuidados que entregamos”, completa.

Lado a lado com a tecnologia

Em 2023, a BP realizou 183 transplantes de medula óssea, tornando-se o maior centro privado do Brasil nessa especialidade. “Investimos em tecnologias como cirurgias robóticas, com mais de 2 mil procedimentos realizados, e obtivemos certificação para terapias revolucionárias como o CAR-T Cell”, explica Renato. Além disso, a BP é pioneira na América do Sul ao adotar a Ressonância Magnética Digital, garantindo diagnósticos mais precisos e rápidos.

A inteligência artificial (IA), a realidade aumentada, a telemedicina e a impressão 3D também estão presentes no dia a dia da Instituição, facilitando o acesso a informações clínicas atualizadas e precisas, permitindo aos médicos tomarem decisões mais informadas e eficientes.

“Na BP, estamos sempre atentos ao quanto a tecnologia impacta o atendimento. Nos dedicamos, por exemplo, a otimizar o tempo no agendamento de exames, por meio do Projeto Smart Scheduling, que faz uso da IA para reduzir a taxa de não comparecimento às consultas e otimizar o agendamento de exames. Com ele, conseguimos uma redução de 60% na taxa de não comparecimento, permitindo uma abordagem proativa”, pontua.

A IA também tem sido incorporada em exames médicos na BP. Parcerias com empresas como a Saventic permitem o uso de IA para detectar lesões suspeitas em mamografias e diagnosticar precocemente doenças raras.

Leia mais sobre a BP

BP investe R$ 7 milhões e adquire ressonância magnética com IA inédita

 

Veja mais posts relacionados

Próximo Post

Healthcare Management – Edição 92

Healthcare - Edição 92

Healthcare - Edição 92

COLUNISTAS