Saúde brasileira enfrenta desafios históricos, analisa Ricardo Brito

CMO da Biomedical Science aponta escassez de investimentos e gestão ineficiente como razões para setor no Brasil estar atrás do europeu

Única no mundo a contar com um sistema público de saúde universal e gratuito, e dona do oitavo maior mercado do setor no mundo, a Saúde brasileira enfrenta uma série de desafios históricos: questões políticas, financeiras, sociais, entre outras dimensões. Mentes criativas e uma medicina diagnóstica que é referência mundial, no entanto, são exemplos do potencial inerente ao setor no país.

É o que conta o CMO da Bioscience, Ricardo Brito, em comparação à Saúde brasileira com o momento do setor na Europa. “O mercado europeu vive um momento mais maduro, com excelente qualidade de serviços e alto padrão de produtos ofertados”, avalia.

Em contraste a esse cenário, a Saúde brasileira resvala em problemas históricos como a corrupção e gestão de baixa qualidade dos serviços e instituições, afirma. No caso da saúde privada, responsável por atender 48 milhões de brasileiros, a principal dificuldade, em relação ao mercado europeu, tem sido a pressão pela redução dos custos.

Brito compara: “A rede privada brasileira, quando comparada a da Suíça, por exemplo, em que o pagamento particular de um serviço de assistência à saúde é obrigatório, se vê esmagada por um ticket médio cada vez mais baixo.” Essa pressão pelo custo aqui no Brasil, ressalta, inviabiliza o acesso à medicina de ponta e distancia a qualidade do serviço ofertado nos dois países.

Procura-se: inovação e investimento

A Saúde brasileira está atrás da europeia, segundo Brito, devido a problemas que antecedem o atendimento ao paciente, também. Ele aponta a falta de incentivos à pesquisa acadêmica e ausência de boas conexões entre indústrias, centros de pesquisa e universidades como fatores que impedem o desenvolvimento do setor, prejudicando a qualidade dos serviços também.

Diferente disso, Brito chama a atenção para como as lideranças europeias são capacitadas para integrar setores em busca de inovação e soluções eficazes, usando muita tecnologia no caminho. Um grande exemplo citado é a colaboração entre indústria e universidade, mas a integração vai além:

“Os atuais líderes europeus de saúde dominam o uso e conhecimento de ferramentas digitais. Através de líderes com alta capacidade administrativa e conhecimento clínico, a Europa vem combinando competências e aceitação do risco, gerando uma perfeita sincronia entre serviços, pesquisa e indústria”, explica o CMO.

Para Brito, essa capacidade de gestão deveria ser exemplo para a Saúde brasileira que, mesmo contando com a maior e melhor infraestrutura da América Latina, não consegue ser destaque na economia mundial, a despeito de nossos vizinhos Chile e Colômbia, por exemplo.

Isso porque, explica, a gestão e o uso de recursos é ineficiente, além da grande dificuldade de acesso e o alto custo de crédito para as empresas de Saúde. “Enquanto na Europa sobra dinheiro e faltam projetos, o empresário brasileiro tem que vivenciar a escassez de crédito, alta variação cambial, além do peso tributário de toda a cadeia produtiva”, comenta o CMO da Biomedical Science.

Olhando pelo lado ótimo

As perspectivas e possibilidades da Saúde no Brasil são infinitas, defende Brito. O país é considerado destaque no campo da medicina diagnóstica. Além disso, o CMO enaltece a coragem de uma centena de empreendedores, que fazem a inovação acontecer mesmo inseridos em um cenário adverso.

“Uma política altamente corrupta e fraudulenta combinada à realidade inflacionária e especulativa do país, não conseguem frear o potencial criativo e inovador dos empresários da saúde”, afirma o CMO.

Essa capacidade criativa, segundo ele, é responsável por atrair diversas healthtechs ao país, segmento que tem auxiliado a impulsionar o desenvolvimento da Saúde nos últimos anos: já são mais de 500 startups e empresas produtoras de dispositivos médicos que, nos últimos cinco anos, geraram uma receita de US$ 5 bilhões.

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