As entidades que representam a saúde suplementar no Brasil recorreram ao Congresso Nacional para explicitar a deputados federais e senadores os impactos gerados pela pandemia de Covid-19. Alertaram também para os riscos que projetos de lei que alteram as regras de funcionamento do setor trazem para as operadoras de saúde e para o SUS.
Em carta aberta assinada pela FenaSaúde, Abramge, CMB, Unidas e Unimed do Brasil, as entidades listam 14 pontos que colocam em xeque as operações das empresas e afetam os mais de 48 milhões de beneficiários, além do SUS (Sistema Único de Saúde). O documento destaca a ocupação recorde de leitos, o aumento exponencial e generalizado de custos, sobretudo de insumos e medicamentos, e, consequentemente, a forte alta das despesas para o atendimento aos pacientes.
O texto também alerta para os impactos de projetos que estão em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado. As iniciativas alteram o funcionamento do sistema e prejudicam o trabalho que vem sendo feito pelas quase 700 operadoras de planos de saúde existentes no país. São propostas como o afrouxamento da avaliação de novos procedimentos, eliminando a análise técnica sobre a qualidade de medicamentos; alterações no reajuste das mensalidades; e novas despesas ou coberturas não previstas atualmente.
Assinam o documento a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar); Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde); CMB (Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos); Unidas (União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde); e Unimed do Brasil (Confederação Nacional das Cooperativas Médicas).
Altos custos
Os custos dos insumos de saúde deram um salto em meio à crise sanitária. Em 2020, o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) – que mede a inflação específica desses produtos e é calculado pela Fipe – foi de 14,4%, alta expressiva em relação ao período de 2015 a 2019, quando oscilava entre 4% e 5% ao ano. O aumento médio medido pelo IPM-H acumulado desde janeiro de 2020 soma 30%. Nos últimos 12 meses, algumas classes terapêuticas acumulam alta de até 62%.
A explosão da demanda por tratamento decorrente da Covid elevou tanto as quantidades utilizadas quanto os preços dos itens empregados na assistência. São os casos de equipamentos de proteção individual (EPIs) e medicamentos para pacientes internados, em especial em UTIs. Há altas de até 524% nos preços médios unitários de medicamentos (como o sedativo midazolam) e de 592% no caso de aventais.