Segurança do Paciente: 8 motivos por que todos os hospitais devem almejar a certificação internacional HIMSS

Quem trabalha nos grandes hospitais do Brasil certamente já ouviu falar de acreditação Hospitalar e os benefícios para a melhoria dos processos e na assistência ao paciente. Além de uma vantagem competitiva de mercado no quesito qualidade assistencial, um hospital certificado que consegue implementar uma cultura de melhoria continua, enxergam seus números de eventos adversos a pacientes diminuírem consideravelmente. Isto se deve as praticas internacionalmente reconhecidas e testadas que garantem a aplicação de barreiras eficazes, evitando assim danos aos pacientes.

No Brasil temos hospitais acreditados nas três principais entidades descritas abaixo:

Organização Nacional de Acreditação (ONA): É sem duvida uma das mais importantes entidades brasileiras voltadas a fomentação da qualidade dos serviços de saúde no país. Tem um direcionamento muito focado em segurança do paciente. Dividida em três níveis de certificação, exige o aprimoramento da gestão, maximização da segurança e melhoria na qualidade assistencial.

Joint Commission International: Mais conhecida como JCI é uma organização não governamental norte-americana, nasceu em 1994 e atua em mais de 100 países no mundo. Seu manual de orientação fomenta o respeito aos direitos dos pacientes e familiares, direcionamento por indicadores internacionais de segurança, gerenciamento de medicamentos perigosos, acesso ao tratamento e continuidade, capacitação dos colaboradores além do gerenciamento das informações do paciente.

Accreditation Canada: A Acreditação Canadense é uma metodologia internacional que orienta e monitora os padrões de alta performance em qualidade e segurança na saúde, promovendo a melhoria contínua dos processo, desde a identificação do paciente, administração de medicamentos, higienização, protocolos, entre outros procedimentos

No cenário atual de evolução tecnológica a utilização de sistemas de gestão e prontuário eletrônico, veio remodelar o olhar da auditoria nos processos assistenciais por estas entidades de acreditação. Uma vez que um software de gestão em saúde traz na sua origem a possibilidade de incluir registros importantes do paciente garantindo o uso da informação para fins de segurança, seja por meio de uma prescrição eletrônica onde o médico já identifica as doses recomendadas dos medicamentos, interações medicamentosas, alergia etc até um auxílio importante para enfermagem e farmácia no preparo e administração dos medicamentos.

Nesta onda de segurança do paciente e uso da tecnologia da informação surge a HIMSS, uma organização mundial sem fins lucrativos, centralizada na missão de otimizar a prestação de assistência à saúde por meio da tecnologia da informação (TI). Sua certificação define requisitos mínimos que um hospital deve atender relacionados à maturidade de implementação do prontuário eletrônico.

O setor de T.I do hospital tem um papel importante nesta certificação, pois parte deles o olhar inicial do sistema, as opções disponíveis e as melhorias necessárias para o atendimento dos requisitos.

No Horizonte deste olhar a HIMSS contribui de forma sinérgica para adoção de processos utilizando a tecnologia da informação no cuidado ao paciente. Sua abordagem também inclui melhorias operacionais e de gestão, mas é no assistencial que os resultados são rapidamente percebidos.

Importante ressaltar que a HIMSS foca no processo de maturidade de implementação do prontuário eletrônico, logo os softwares de gestão hospitalar existentes devem se aprimorar continuadamente a fim de, garantir a eficiência nos quesitos sugeridos e auditados pela HIMSS, assim, além do hospital ganhar com melhorias visivelmente percebidas pelos usuários e pacientes, facilita também no momento de uma certificação ou recertificação pelas entidades de acreditação citadas no início do artigo, pois um sistema robusto e com barreiras de segurança eficientes é bem visto pela ONA e JCI por exemplo.

Outro fator chave é o envolvimento de toda equipe multidisciplinar na utilização do sistema, de forma a garantir que todo o fluxo assistencial seja feito por este meio. Abaixo, confira um resumo dos 8 motivos por que o hospital que já tem um sistema de prontuário eletrônico implantado e com alto nível de maturidade pode buscar a certificação HIMSS visando melhorar seus processos assistenciais.

  1. Melhor gestão na cadeia medicamentosa: Sendo o medicamento um insumo importante dentro da cadeia de risco assistencial, neste quesito é visto quanto o sistema auxilia no controle de compra, recebimento, armazenamento, unitarização até a dispensação do medicamento de forma segura e eficaz. Um sistema também facilita a gestão e analise de prescrição pelo profissional farmacêutico, destacando as não conformidades de prescrição facilitando assim as intervenções junto aos médicos prescritores.
  2. Prescrição eletrônica: Tem como missão facilitar e ajudar o prescritor no ato de prescrever, com a prescrição eletrônica é possível bloquear prescrição de medicamentos no qual o paciente é alérgico, gerenciar doses máximas, interações medicamentosas, medicamento X alimento, medicamento X exames laboratoriais, medicamentos duplicado, utilização de prescrição protocolos padronizados etc. 
  3. Administração de medicamentos: Com a utilização do sistema o processo de administração do medicamento pode ser padronizado para garantir maior segurança. É possível administrar os medicamentos beira leito do paciente, conferindo via código de barras dos itens se o medicamento que será administrado está com a via e dose correta, além de poder conferir se o paciente de fato é o correto antes de administrar os itens, diminuindo assim os riscos de erros de medicação. 
  4. Integração entre sistemas e dispositivos: Os dispositivos de monitoramento como exemplo sinais vitais, podem ser integrados diretamente no prontuário eletrônico e assim garantir melhor eficiência na coleta de dados do pacientes a fim de diminuir atividades burocráticas da enfermagem, como transcrever os sinais vitais de forma manual e/ou dificultar a evidenciação de algum sinal alterado que requer intervenção imediata. 
  5. Administração de hemocomponentes, nutrição Parenteral e leite materno: Com a utilização de um sistema de gestão, é possível administrar com maior segurança os hemocomponentes, leites maternos e Nutrição Parenteral de forma a garantir que o item correto seja administrado para o paciente correto, processos de administração beira leito conforme citado no item 3. 
  6. Utilização de gatilhos para protocolos clínicos importantes: Com a utilização do prontuário é possível parametrizar protocolos específicos de monitoramento, facilitando a identificação de risco de forma mais pró ativa e assertiva, exemplo: protocolo de TEV, (Trombo embolismo Venoso) onde ao ser incluído dados do paciente no prontuário o sistema pode alertar risco de tromboembolismo venoso, bem como incluir sugestão de condutas para o médico do paciente. 
  7. Computador de contingência: Se o hospital deixar de usar o papel para direcionar a assistência ao paciente o ponto importante é a utilização de um computador de contingência, onde seja gravado periodicamente um arquivo com os dados mínimos dos pacientes neste computador, como últimas prescrições, exames, medicamentos administrados etc, assim este arquivo cópia servirá de backup para utilização em uma possível indisponibilidade do sistema. Garantindo assim a continuidade do cuidado. 
  8. Ambiente de contingência: O Plano de recuperação de desastres (DRP – Disaster Recovery Plan) é um processo documentado e um conjunto de procedimentos para recuperar os serviços de TI após um evento extremo. Com a automação de processos e a forte dependência dos meios de comunicação e infraestrutura geral, é vital para as organizações a alta disponibilidade dos serviços de TI, principalmente para um hospital, no qual trabalha com dados assistenciais de pacientes e necessita dos mesmos para uma tomada de decisão.

A HIMSS preconiza que o hospital tenha um processo seguro de migração de ambiente e continuidade da operação do sistema de gestão e prontuário, pois pode ocorrer problemas importantes que tirem de operação o sistema disponibilizado no data center principal. Assim é garantido a continuidade do cuidado ao paciente através da consulta ao prontuário por exemplo.

Como disse anteriormente, a certificação HIMSS direciona o hospital para uma utilização eficiente do prontuário eletrônico, visando tanto aspectos de gestão, governança, analise de indicadores e aspectos assistenciais. Com uma utilização correta de todo o potencial de um prontuário eletrônico o hospital pode garantir um nível excepcional de segurança para os pacientes. Se você quiser conhecer mais a metodologia HIMSS, clique aqui.

  • Artigo redigido por Anderson Paes da Silva, coordenador de Tecnologia da Informação.

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