Sem compartimentação não há resgate – Segurança contra incêndio em hospitais

Imaginem a seguinte situação: paciente em uma cirurgia cardíaca recém iniciada e foco de fumaça entrando pelas portas do centro cirúrgico. UTI neo natal e o ambiente sendo tomado por fumaça. Sim, são cenas trágicas e o pior de tudo é que são reais. 

Como lidar com uma situação como essa? Como garantir o resgate de pessoas nessa situação? 

A problemática de incêndios em hospitais é assunto de extrema importância e não deve ser negligenciado pelos administradores hospitalares.  

Incêndios hospitalares são muito mais comuns e frequentes do que se imagina e na maioria das vezes terminam em tragédias. 

Diferente do que as pessoas podem imaginar, um incêndio se propaga a uma velocidade extremamente rápida e seu principal agravante, é a emissão de grande volume de fumaça sempre tóxica.

Em apenas 5 minutos, o fogo chega a uma temperatura de 800°C e a fumaça gerada se alastra aproximadamente 10 pavimentos em 2 minutos.

Exemplos de propagação da fumaça em edificações. Fonte: Hilti do Brasil                               

Nenhuma edificação está livre do risco de um incêndio. Um curto circuito, uma falha humana, uma pane elétrica podem ser o estopim para um grande sinistro.

Incêndios hospitalares são ainda mais dramáticos, uma vez que os usuários são pessoas acamadas, debilitadas ou sedadas e certamente terão muita dificuldade de escapar ou mesmo sua remoção será inviável.

Uma vez que não existe risco zero quando se fala em incêndio, o que se tem que fazer é tomar todas as medidas preventivas para que seus danos sejam os menores possíveis. Uma dessas medidas é a compartimentação. Essa simples medida garante que o fogo e a fumaça fiquem contidos no lugar onde ele se iniciou e não se espalhe descontroladamente por toda a edificação, possibilitando o combate, a evacuação dos ocupantes pelas rotas de fuga de forma segura, com tempo adequado, sem pânico e que a rotina hospitalar seja minimamente prejudicada.

A selagem resistente a fogo é uma das medidas de compartimentação exigidas pela legislação e normativas brasileiras como a ABNT NBR 16651 – Proteção contra incêndio em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) e a Instrução Técnica – 09 dos Corpos de Bombeiros do Estado de São Paulo que trata sobre compartimentação horizontal e compartimentação vertical. Ambas são muito claras quanto a necessidade do uso de selos resistentes fogo.

                       

                             

Exemplos de selagem resistente a fogo em compartimentação horizontal e vertical – Fonte: Hilti do Brasil

Estes, são sistemas com desempenho comprovado para conter fogo, gases e fumaça entre ambientes.

A selagem resistente a fogo é necessária em todas as aberturas de passagens em pisos e paredes de compartimentação, tubulações de material combustível e também em fachadas tipo cortina.

Existem diferentes tipos de sistemas de selagem e cada um é destinado para diferentes aplicações.

Para aberturas em shafts ou paredes por exemplo, o mais indicado são sistemas a base de lã de rocha e pintura ablativa. Esse sistema sofrerá uma reação térmica quando em contato com o calor do incêndio, irá dissipar um vapor d´água e resfriar o local onde está inserido. Esse sistema precisa ter característica autoportante, ou seja, não pode estar apoiado em suportes metálicos ou plásticos, pois estes irão se deformar quando em contato com o calor do incêndio e irão cair do vão.

Selagem com sistema ablativo – Fonte: Hilti do Brasil

Além da selagem nas aberturas, é necessário proteger as tubulações de material combustível. Essa proteção é feita com sistemas de selagem intumescente. Esses sistemas irão se expandir no momento do incêndio e fecharão a abertura deixada pelo quando este for consumido pelo fogo. A solução mais usual para esses casos, é o uso de fitas ou colares intumescentes.

Fita intumescente. Fonte: Hilti do Brasil
Colar intumescente. Fonte: Hilti do Brasil

Outro local que precisa receber a selagem resistente a fogo são as juntas perimetrais. Essa juntas nada mais são do que o vão existente entre a laje e a fachada cortina. Nessas aberturas, é necessária a instalação de sistemas elastoméricos. Esses sistemas são extremamente flexíveis, capazes de acompanhar a movimentação dessa grande junta, sem se danificar, garantindo assim a vedação contra gases, fogo e fumaça entre andares da edificação.

Selante elastomérico em fachadas. Fonte: Hilti do Brasil

Os sistemas de selagem resistente a fogo irão impedir que fogo, gases e fumaça passem entre as áreas compartimentadas, tornando a edificação mais segura e facilitando o resgate no momento do incêndio.

É necessário que se atente para o uso de sistemas testados e certificados para essa finalidade, comprovados através de documentações de laboratórios nacionais ou internacionais. 

Infelizmente não é raro existirem passagens fechadas com espumas de poliuretano por exemplo. Esse material, quando em contato com o calor, emite gás cianídrico que quando inalado, impede o transporte de oxigênio pelos glóbulos vermelhos, causando morte por sufocamento.

O uso de sistemas rígidos como argamassas refratárias ou vermiculitas também não proporcionam segurança. Esses sistemas trincam após a cura, por onde passam a fumaça e os gases tóxicos e são apoiados em telas metálicas, que, por não possuírem resistência contra o fogo, veem abaixo nos primeiros minutos do incêndio.

Essa simples medida de segurança pode salvar vidas e é preciso a conscientização dos engenheiros para que entreguem edificações seguras à sociedade.

Artigo escrito por Camila Guello é Arquiteta e Urbanista, especialista em Firestop na Hilti do Brasil.

 

 

Esse conteúdo e mais você confere na edição 35 da Revista HealthARQ.

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