O Grupo Mídia organizou ontem, 29 de janeiro, o Welcome Saúde 2019, evento que abriu a agenda do setor e discutiu os temas mais importantes da Saúde, e que nortearão a pauta do segmento ao longo do ano. Temas como a promoção de políticas de incentivo para a digitalização na Saúde, ampliação dos investimentos em atenção primária, e novos modelos de remuneração e pagamento foram alguns dos temas mais debatidos durante o evento.
Realizado em São Paulo (SP), o fórum convidou as principais personalidades da cadeia de Saúde para o debate e contou com um público de mais de 400 pessoas. Além da seleta plateia presente no evento, cerca de 500 pessoas assistiram ao Welcome Saúde 2019 ao vivo através do site e do Facebook da revista Healthcare Management.
Para dar as boas-vindas aos participantes, o CEO do Grupo Mídia e da SAHE – South America Health Exhibition, Edmilson Jr. Caparelli, realizou um discurso de abertura, em que frisou o atual momento de mudanças político-econômicas no Brasil. “Hoje, vivemos um novo cenário, que nos enche de esperança para um recomeço. Nossos empresários, nossos trabalhadores, pesquisadores… E como estamos falando de saúde, nossos profissionais do setor merecem deslumbrar um horizonte promissor, com o devido reconhecimento”, disse.
Além de destacar o objetivo do Welcome Saúde 2019 de discutir opiniões, soluções e alternativas para a Saúde, Caparelli também apresentou uma pesquisa realizada pelo Grupo Mídia, em 2018, que constatou dados relevantes para o setor. Segundo o estudo, 54,87% dos entrevistados acreditam que o atual governo será bom para o país. Em contrapartida, 72,32% responderam que o Brasil ainda não superou a crise político-econômica.
Mauro Junqueira, do Conasems
O CEO do Grupo Mídia convidou ao palco Mauro Junqueira, presidente do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), para ministrar a primeira palestra do fórum. Na ocasião, Junqueira apresentou dados sobre as dimensões e os desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde pública brasileira.
“É importante discutirmos a revisão do pacto federativo. Se é no município onde mora o cidadão, é no município onde o recurso deve ficar. Mas é válido ressaltar que esse pacto federativo não deve ficar apenas focado na distribuição do recurso, mas também na questão da responsabilidade. É preciso deixar claro quais são as responsabilidades do município, estado e União”, argumentou o presidente do Conasems durante o Welcome Saúde 2019.
Seguindo o cronograma do evento, após a palestra de Junqueira, Ricardo Valentim, do Lais (Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde), foi chamado ao palco para ministrar um painel com a temática “Saúde humanitária – uma análise da atenção primária”, em que destacou o papel da ciência, da educação e da tecnologia na promoção de saúde da sociedade.
“Hoje, temos grandes nações, grandes empresas e muita riqueza, mas também temos os mesmos problemas do século passado, como o analfabetismo, a fome, a sífilis. Será que nós realmente somos um mundo desenvolvido?”, provocou Valentim durante a palestra. “É nesse cenário em que entra a ciência humanitária. Um novo conceito de não fazer a ciência apenas pela ciência, mas pautada em problemas reais da sociedade”, acrescentou.
Welcome Saúde 2019: Mais de 400 profissionais
A AVALIAÇÃO DOS PROTAGONISTAS
O cronograma também contou com duas mesas-redondas. A primeira debateu o tema “Construindo o Futuro da Saúde: o papel dos protagonistas do setor diante dos novos tempos da política brasileira”, sendo composta por Franco Pallamolla, presidente da Abimo; Luiz Aramicy, presidente da FBH; Cláudia Cohn, presidente da Abramed; e Rodrigo Lopes, CEO do Grupo Leforte. A mesa foi reforçada por Mauro Junqueira, do Conasems, e contou com a mediação de Alceu Alves, VP da MV.
“Toda vez que tentamos inovar na área pública de saúde, sempre existe algo que nos emperra. Sempre ficamos no velho. A população brasileira exige uma saúde melhor, é necessário ampliar o acesso. Por isso, quero discutir a possibilidade de aumentar a participação mais efetiva do setor privado na execução de políticas públicas para que possamos levar mais saúde e de maior qualidade para as pessoas”, destacou Alves durante o primeiro debate.
Completando a fala de Alves, Aramicy afirmou a importância e o anseio do setor privado em prol da melhoria da saúde no Brasil. “Nós [setor privado] podemos contribuir muito para o setor público, justamente porque temos expertise para isso. Hoje, os melhores hospitais do Brasil são privados. A nossa posição como Federação é de que estamos abertos ao governo federal para prestar serviços onde for necessário”, articula o presidente da FBH (Federação Brasileira de Hospitais).
Para Lopes, CEO do Grupo Leforte, a cadeia de saúde precisa de uma visão de gestão mais apurada. “O setor privado também precisa andar em conjunto. Precisamos ter um norte que resulte em uma cadeia mais produtiva.”
“A iniciativa público-privada já é um consenso, mas ela precisa ser formada. Nós precisamos sentar com o governo e formatar essa questão sem estragar toda a inteligência que o SUS já possui. Os gestores e as entidades científicas devem, agora, ajudar o governo a determinar a regra para oferecer o melhor serviço ao paciente”, completou Claudia, presidente da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).
“Uma preocupação que trago para esse debate é a caricatura de que o problema da Saúde é a gestão. Todos nós do setor temos que mostrar ao governo que existe sim um problema de gestão, mas se não equacionarmos a fonte de financiamento e recursos, continuaremos com as mesmas dificuldades”, defendeu Pallamolla, presidente da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos).
O futuro da Saúde em debate
PERSPECTIVAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS NA SAÚDE
O evento foi encerrado com o painel “Novos Horizontes: A influência da economia na construção de uma Saúde mais eficiente”. Para discutir este tema, participaram da mesa Ruy Baumer, diretor titular do ComSaude; Marcos Marques, presidente do Conselho da Abradimex; Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho diretor do Instituto de Radiologia do HCFMUSP e VP do Instituto Coalizão Saúde; Francisco Balestrin, presidente da IFH (International Hospital Federadion); Ricardo Valentim, do Lais; e Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo. A mesa foi mediada pela editora-geral do Grupo Mídia, Carla de Paula Pinto.
“A saúde é um setor importante para a economia do Brasil”, disse Cerri ao inaugurar as discussões desta mesa-redonda. Para ele, a Saúde necessita de grandes reformas, pois trata-se de um setor importante para alavancar o crescimento do país nos próximos anos. “O Brasil precisa de uma política de estado duradoura”, acrescentou.
Para Baumer, o setor está otimista com o novo governo. “Até o momento, as propostas para a melhoria do ambiente de negócio são boas. O que esperamos é que essas propostas também criem uma segurança jurídica para que possamos trabalhar melhor. É necessário diminuir a burocracia e o custo de fazer negócio. Se existir um ambiente deste melhor, vamos melhorar também o ambiente da Saúde”, argumentou o diretor titular do ComSaude.
Em contrapartida, Fraccaro destacou: “Não podemos ser otimistas achando que os problemas serão resolvidos rapidamente. Hoje, temos estados brasileiros que estão com 80% da sua receita comprometida. Devemos ter paciência”, alerta. “Vivemos um momento de otimismo, mas devemos estar atentos e priorizarmos o planejamento”.
“O que precisamos é ter um modelo claro do que é saúde no país”, destacou Balestrin. “Hoje, no Brasil, estamos apenas falando sobre o modelo de remuneração. É como se a solução da criminalidade fosse dar armas para todo mundo. Não podemos achar que o único problema da saúde seja o modelo de remuneração”, alertou.