TELEMEDICINA – Vilã de alguns e heroína de outros

Sobre o Global Summit Telemedicine e Digital Health Brasil, que acabou no último sábado (6), fui la conferir. Também apoiamos este importante evento através da ABCIS – Associação Brasileira de CIO Saúde.

Conteúdos com painéis riquíssimos, diversas iniciativas e startups oferecendo diferentes soluções práticas e inovadoras em telemedicina e muitas instituições de saúde já lançando mão dessa “novidade”.

Contudo, de maneira polêmica, concluo que a impressão que dá é que o “RETROCESSO” (por pressão médica) do Conselho Federal de Medicina – CFM em suspender a nova regulamentação sobre telemedicina nunca aconteceu! Isso mesmo, hospitais de vanguarda e tradicionais vem praticando mesmo assim, empresas vem vendendo soluções mesmo assim, e nós discutimos e trocamos experiências mesmo assim! Isso não é estranho? Uma vez que o CFM publicou a nova lei regulamentando isso, e apenas uma semana depois retrocede mantendo a antiga e defasada resolução!

Vou comparar aqui (com respeito a ambas as profissões que são dignas e necessárias) esse movimento à chegada do Uber ao Brasil. Houve muita resistência, protestos e até um frenesim em algum momento. Mas hoje existem mais motoristas por aplicativos que os táxis tradicionais. Muitos aplicativos estritamente de táxis tradicionais tiveram que “uberizar-se”, aceitando veículos populares não regulamentados, ou não sobreviveriam. (reforço em dizer que não estou comparando o serviço médico ao serviço de taxi, mas sim o movimento de descontentamento que se iniciou e foi sucumbido pela utilização em massa.)

Porém, muito ao contrário do movimento de táxis por aplicativo, que de fato, tomou muito espaço dos táxis tradicionais, a TELEMEDICINA absolutamente NÃO veio para tomar espaço de médico algum (para os que são visionários, confiam em suas capacidades técnicas e possuem sabedoria), veio para somar, compor, vem como um instrumento e método de facilitar a vida dos nobres profissionais médicos, e acima de tudo, isso veio para pulverizar saúde com mais rapidez e a possibilidade de alcançar locais remotos e inviáveis.

Portanto “seu doutor”, o senhor pode até não se sentir confortável ou não aceitar, mas terá que se adaptar pois isso está vindo como um rolo compressor e estará presente em muitos locais! Lembra da transição da prescrição manual no receituário de papel para a prescrição eletrônica? Muito embora ainda hoje tenhamos muitos locais com prontuário em papel. Certamente a telemedicina vira numa velocidade mais lenta que o prontuário eletrônico, mas virá!

Enquanto escrevo aqui minhas impressões sobre o que vi no Global Summit Telemedicine e Digital Health, enviei mensagem para vários amigos médicos; interessante que as respostas foram bem divididas, há opiniões bastantes distintas. Obviamente que respeito todas as opiniões, e não estou aqui dizendo o que eu gostaria que acontecesse, e sim o que certamente irá acontecer e já está acontecendo. Aproveito também para parabenizar diversos amigos(as) da classe médica que são formidáveis e mente abertas, vocês serão muito beneficiados por pensarem assim! Muito obrigado por serem profissionais disruptivos, visionários, coerentes e lutarem pelo avanço da maturidade do cuidado da saúde em nosso tão “saqueado” Brasil.

 

Este artigo foi escrito por Fabio Carvalho, CIO do Hospital Adventista de São Paulo.

Veja mais posts relacionados

Próximo Post

Healthcare Management – Edição 92

Healthcare - Edição 92

Healthcare - Edição 92

COLUNISTAS