À primeira vista, parece que a natureza jamais poderia servir de inspiração para a realidade de grandes executivos, mas basta realizar algumas pesquisas para encontrar informações que relacionam estes dois mundos.
A riqueza da biodiversidade e as evoluções adaptativas encontradas na natureza nos impressionam quanto a sua inteligência e eficácia. A forma como o caranguejo se locomove, a resistência e soberania das aranhas em seu incansável trabalho de tear, o sonar emitido por golfinhos, o mimetismo das borboletas em espécies vegetais. Características muitas das vezes imperceptíveis ao olhar superficial do ser humano, e que são capazes de perpetuar infinitas espécies ao longo dos milhares de anos do planeta Terra, e é esta a primeira lição que devemos aprender com a natureza: estarmos em constante adaptação.
Nossos poucos milênios de existência quando comparados a idade cronológica do aparecimento das primeiras formas de vida nos fazem incondicionalmente pequenos diante de toda sabedoria compartilhada nos anos de evolução da natureza. Considerando este currículo bem-sucedido podemos sim fazer do meio ambiente nosso professor.
Toda organização deseja ser perene, ou seja, ter vida longa. Dentro desta premissa a adaptação e perseverança são fundamentais. As organizações nascem em um cenário e ao longo de suas vidas vivenciam por diversas vezes a transformação do cenário original. Crises econômicas, políticas públicas em desalinho com as necessidades do setor, mudanças muitas vezes drásticas de paradigmas e globalização, entre outras.
Ao observarmos o meio natural vemos que ele sempre está atento às mudanças necessárias para sobrevivência das espécies. Diversos estudiosos afirmam que a adaptação às mudanças de cenário impostas pela dificuldade culminam na garantia de vida. Não darei exemplos porque uma simples pesquisa na internet é capaz de prover diversos casos para apreciação.
Outra importante lição oferecida a nós é a normatização. A natureza é regida por normas extremamente específicas para cada ser existente, e quase na sua totalidade todos possuem um plano de contingência. As regras são repetidas por todos integrantes de cada bioma, porém, modificadas se necessário a manutenção da vida, em perfeita normatização, inteligente e flexível.
Já a terceira e majestosa lição que a natureza tem a nos ensinar é o trabalho em equipe. É fascinante observar a interdependência das espécies! Os ecossistemas são extremamente colaborativos mesmo diante da competição pela sobrevivência.
Temos um exemplo da força dessa colaboração: divulga-se em todo planeta o perigo que a humanidade corre com a diminuição das abelhas, perigo este já anunciado por Albert Einstein, que afirmava que para que tenhamos alimento em nossas mesas dependemos diretamente desta espécie, e que sua extinção levaria ao desaparecimento da raça humana em apenas 4 anos.
As abelhas juntamente a outras espécies são importantíssimos polinizadores. Aquele delicioso pãozinho do café da manhã, o churrasco do final de semana e também aquela sobremesa após o almoço, todas as industrias envolvidas direta ou indiretamente sofrem ameaça com a redução desses polinizadores. A área da saúde também sofre impacto em seu quadro epidemiológico alterado pela quebra desses três princípios: a adaptação, a normatização e o trabalho integrado.
As organizações bem-sucedidas respeitam estes princípios e denotam todo o esforço necessário para mantê-los funcionando em harmonia.
Este artigo, redigido por Marcia Mariani, diretora da SIA- Serviços de Inteligência Ambiental, foi publicado originalmente na edição 62 da revista Healthcare Management.
