A palavra hospital é de raiz latina e deriva de “Hospitalis”. Nas hospes (hóspedes) era comum receber peregrinos, pobres e enfermos. Essas casas deram origem aos “hospitais” que em grego significa nosocomium, tratar de doentes.
A criação e o desenvolvimento dos hospitais foram estimulados pelo aprimoramento do aprendizado da Medicina e pela evolução das reformas sanitárias. Um dos mais antigos relatos que temos foi o Hospital do Cairo, no Egito, construído em 1283. Nele havia enfermarias divididas para os pacientes com lesões, para os em recuperação, para mulheres, para os com problemas de visão, entre outros distúrbios. Um médico era responsável por administrar todo o complexo e contava com a ajuda de outros profissionais, como os de enfermagem e auxiliares no atendimento.
Na Europa, por impulso da Revolução Industrial inglesa, a burguesia crescia colaborando, com novas aspirações socioeconômicas, com providências mais eficazes no campo da higiene e da saúde pública surgiram os hospitais modernos. Os doentes eram distanciados de seus familiares e “hospedados” nessas construções.
O primeiro hospital brasileiro foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos (inicialmente conhecido como Hospital de Todos os Santos), existe desde 1543. No início, o atendimento não era feito por médicos (estes eram raros e os médicos portugueses não estavam dispostos a vir para a colônia). Os jesuítas se encarregavam por todos os atendimentos, trabalhando como médicos, farmacêuticos e enfermeiros.
Como diz a historiadora Maria Lucia Mott, da Universidade de São Paulo, até meados do século XIX os mais abastados se tratavam em casa. – Como não se sabiam ainda a causa e a cura de muitas doenças, esses locais serviam apenas como abrigo para isolar pessoas como portadores de doenças contagiosas e doentes mentais.
Na cidade de São Paulo, entre 1858 a 1958 o número de hospitais na cidade cresceu de um para cem. Esse crescimento aconteceu pela riqueza da industrialização, a cultura cafeeira e os imigrantes vindos dos diversos cantos do mundo trazendo a experiência europeia, os recém-chegados começaram a se organizar em associações de auxílio mútuo. A primeira foi a Beneficência Portuguesa, criada em 1859 com 168 portugueses, entre eles caixeiros viajantes, industriais, comerciantes, padeiros e muitos outros.
E nos mesmos moldes surgem em 1878 a Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo (que funcionou até 1993 no Hospital Umberto Primo), 1897 a Associação Hospital Alemão (que teve de mudar de nome por causa da Primeira Guerra Mundial) hoje a Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Em 1921 a Sociedade Beneficente de Senhoras – Hospital Sírio Libanês.
As associações cresciam voltada à proteção dos direitos dos motoristas de praça, nasceu na capital paulista, em 1911, a Sociedade Internacional Beneficente dos Chauffeurs do Estado de São Paulo (hoje o Hospital São Cristóvão). – A diretoria da instituição decidiu em 1959 construir um completo e vasto centro hospitalar, lançando a pedra fundamental do que seria o futuro Hospital e Maternidade São Cristóvão tornando-se referência em saúde na região leste de São Paulo.
Em 50 anos, de 1900 a população de São Paulo aumentou em mais de nove vezes, seu tamanho passando de 240 mil habitantes para 2,2 milhões. Novas atividades econômicas eram criadas com a industrialização. E para atender o imenso crescimento começaram a surgir novos hospitais públicos, privados e filantrópicos.
A abertura dos bairros em São Paulo passou a determinar os locais de fundação dos hospitais. “No próprio projeto urbanístico da cidade já se pensava na questão do hospital” citando a historiadora Maria Lúcia Mott. Isso mostrava que o fundamental serviço prestado por essas organizações de saúde tornava-se fundamental não apenas aos munícipes, mas no Brasil inteiro.
Em fevereiro de 1929, foi criada a Faculdade de Medicina de São Paulo – algum tempo depois, em janeiro de 1934, foi criada a Universidade de São Paulo. Muitas outras se seguiram.
Importante citar a criação do SUS em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda a população brasileira. Já em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do sistema e instituiu os preceitos que seguem até hoje.
Mas todos esses feitos foram possíveis graças a inciativa de homens e mulheres que tomaram uma decisão importante e fundamental: cuidar das pessoas. Hoje a saúde Brasileira está entre as melhores do mundo basta acompanhar a relevância e é de ponta como a cardiologia, entre tantos outros segmentos.
Embora se tenha muitas conquistas e feito a sociedade tem o desafio de continuar com o legado do passado, mas assumindo cada vez mais responsabilidade rumo à excelência dos serviços prestados à população. Algo desafiador para tempos tão incertos no que tange aos cuidados dos pacientes. A melhoria contínua das estruturas hospitalares e acolhimento dos doentes têm exigido muita dedicação, comprometimento e busca por mecanismos inovadores para esse contexto. E assim a sociedade vai se aprimorando e seguindo com hospitais cada vez mais modernos que proporcionam. A responsabilidade é sempre nossa.
Marcos Barello Gallo é CEO da Multimax Healthcare Marketing, empresa de comunicação e marketing especializada no desenvolvimento de pesquisas quantitativas e qualitativas e avaliação da jornada dos pacientes. Ao longo de mais de vinte anos, a Multimax atendeu organizações de saúde como Instituto do Câncer do Estado de São
Paulo, Hospital Samaritano, Hospital 9 de Julho, Hospital Santa Paula e muitos outros. É publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, foi professor de Pesquisa Mercadológica e Marketing de Serviços e pós-graduado em Curso de Ouvidoria Pública e Privada pela Unicamp.