Por que nós humanos temos inserido em nossa cultura o desejo de ir sempre mais longe? Aumentar? E termos mais?
Aceitamos que “mais é melhor” sem termos provas. E se o melhor fosse diminuir? Subtrair? Reduzir?
Temos um viés de crescer e adicionar, isso não é apenas na cultura brasileira, é uma tendência global.
Nas organizações o aumento de complexidade que estamos sofrendo é exponencial. Pedimos cada vez mais dados e depois não sabemos o que fazer com eles. Temos muitos dados e pouca informação que nos indique os passos a seguir. Nos perdemos na essência de um problema com várias facetas.
Esta frase atribuída a Mark Twain diz:
”te escrevi uma carta longa, pois não tinha tempo de fazer uma curta”.
Quantas vezes menos é mais! Acumulamos tarefas, especialidades e negócios que simplesmente nos adicionam pouco. Atualmente a obrigação do adquirir mais e mais estão em alta. Compramos muitas coisas que depois nós resistimos em jogar fora.
É interessante conhecer a lei de George Zipf dos resultados decrescentes, que é muito similar à lei de Pareto e se aplica a muitos fenômenos em diversas disciplinas físicas, naturais e sociais. Por exemplo, a segunda pessoa mais rica de uma cidade, teria a metade de ganhos que a primeira e terceira apenas um terço da primeira, e assim por diante.
Também nos hospitais, muitas vezes caem na armadilha de mais é melhor. Se vemos a quantidade de especialidades, ou de serviços prestados, poderemos analisar a lucratividade de cada um deles e ver o que cada uma está adicionando ao total.
Se seguimos a regra matemática, veremos que se já temos 20 serviços e aumentamos 50% deles, ou seja, passamos para 30 serviços, apenas aumentaremos 11% a lucratividade. Claro que uma regra geral, pode ser que não se cumpra no particular, mas sempre é interessante estudar quanto contribui cada um no total, com os números reais na mão. Isto define uma ineficiência implícita no aumento de serviços, pois teríamos um aumento de esforço de 50% que apenas rende 11% mais, ou seja, 78% menos.
Mas temos outros motivos neste caso para apreciar o menos, como é a falta de especialização que nos impede colocar sistemas mais automatizados e eficientes sobre uma quantidade menor de serviços. Também desde o ponto de vista de marketing, seguiremos no meio termo, ou seja, na falta de uma imagem singular e de eficiência produtiva. A perda de especialização não é vista como um problema nos estabelecimentos de saúde.
A utopia final de um sistema hospitalar eficiente é ter processos organizados como se fosse uma linha de produção. Isto já existe faz 30 anos no EUA, no caso de cirurgias simples.
Se analisamos mais de perto, todos estes resultados, talvez tenhamos a vontade de compartilhar nossos clientes ou pacientes, com outras instituições para melhorar na troca, a especialização de cada uma e a eficiência produtiva.
Lei de Zipf dos resultados decrescentes
Já nos tinha alertado Alvin Toffler, no livro A Terceira Onda, que o problema do executivo no futuro seria o aumento da complexidade. Depois de 30 anos seu pensamento é mais válido que nunca. Desenvolver uma cultura de simplicidade espalhada na organização, revisar se todo aumento é bom e aplicar métodos simples, nos pode levar a focarmos na melhor das estratégias possíveis.
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