Referências: Geografia Econômica da Saúde no Brasil e Jornada da Gestão em Saúde no Brasil
(*) todos os gráficos e ilustrações são partes integrantes do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil e do material didático dos cursos da Jornada da Gestão em Saúde e da Escepti
Se estiver esperando críticas ao candidato “destro ou canhoto” … à presidência, ou ao governo, ou ao senado, ou à câmara … não perca o seu tempo lendo … não é um texto político partidário ideológico … é um texto técnico !
Isso posto …
“Não encoste a mão no fogo que voce se queima” … “não suba aí que voce cai” … crescemos ouvindo nossos pais alertando para não fazer alguma coisa que pode causar dano … e aprendemos … ou porque escutamos, ou porque não escutamos e acabamos chorando depois.
Nossos pais não diziam isso para depois dizer “eu avisei … bem-feito” … queriam que a gente não se queimasse … não caísse … se tem uma coisa que eles não queriam é que o risco se transformasse em dano … a última coisa que gostariam é de ouvir o choro … a gente aprende com mais o menos emoção, de forma mais ou menos dolorida – é uma questão de escolha !
Desde que a pandemia começou sabíamos que se não houvesse coordenação técnica do ministério da saúde “queimaríamos a mão” … “cairíamos”:
- A politização impediu esta coordenação técnica;
- Mas vamos lembrar que o SUS não é federal – é um ente que abrange as esferas federal, estadual / distrital e municipal;
- Se o ministério falhou e o resultado foi ruim, falharam governadores dos estados, prefeitos … e senadores e deputados que ficaram inertes deixando o barco navegar sem rumo … por isso o alerta lá em cima: a responsabilidade é de todos os que poderiam mudar o cenário … mitigar os danos.
E o gráfico é implacável … odioso:
- É a taxa de óbitos por internação, ou seja, a proporção de pessoas como nós … diferentes apenas porque adoeceram, internaram em busca da cura … e já não estão mais entre nós;
- Uma parte deles teria nos deixado com ou sem pandemia … é verdade;
- Mas uma parte deles só nos deixou por conta desta politização do SUS por parte do Ministério da Saúde … que governadores, prefeitos, senadores e deputados não se dignaram a enfrentar como devia !
O SUS, antes desta politização absurda, estava trabalhando normalmente até 2019, com ações de prevenção e promoção da saúde, de modo a melhorar a saúde da população e assim diminuir o acesso dos pacientes nas internações em piores condições … com maior chance de cura:
- Vemos isso claramente no gráfico entre os anos de 2016 até 2019;
- Mas vemos claramente que a partir de 2020, início da pandemia, a taxa cresceu assustadoramente;
- Percebemos que entre 2019 e 2021 o aumento da taxa de óbitos em internações foi de ~60 %;
- Em 8 de agosto de 2021 (há ~10 meses) já projetava o problema (vide post) … como nossos pais, a previsão era certa, mas não gostaríamos que se tornasse realidade;
- A realidade veio, e a queimadura … a queda … foi bem pior do que “não gostaríamos nem que acontecesse” … Deus sabe como seria bom se estivéssemos errados na previsão !
Este gráfico demonstra a evolução da taxa de óbitos entre outubro de 2019 (4 meses antes da pandemia) e dezembro de 2021:
- É um aumento de ~129 % em menos de 2 anos e meio;
- Algo absolutamente impensável para qualquer coisa que se intitule gestão da saúde pública !
É claro que “os destros” vão dizer que é por conta dos óbitos dos pacientes COVID-19:
- Porque era uma doença nova … não existia vacina, nem tratamento adequado;
- Isso é verdade … mas é “meia verdade” … menos verdade do que narrativa !
Primeiro porque o aumento da taxa de óbitos relacionada ao grupo 01 do CID é de ~58 % … e não de 129 % …
… e segundo porque mesmo nos CIDs relacionados às neoplasias e doenças do aparelho circulatório, que foram as menos atingidas pelo adiamento das internações (por questões óbvias) … houve aumento de taxa de óbitos !
Se não “caiu a ficha” … não vamos esquecer do primeiro gráfico lá em cima … quando não havia COVID-19, para as outras doenças estávamos tendo retração da taxa de óbitos !
Se ainda não caiu a ficha dos destros …
… basta olhar a taxa de óbitos de outros grupos CID … números não deixam margem à dúvida:
- Por conta da falta de ação do SUS … em todos os âmbitos da administração pública … e sem ação efetiva de controle por parte do legislativo …
- Os pacientes estão chegando para internar em piores condições …
- Estão morrendo mais pessoas … inocentes … do que deveriam se não houvesse politização do SUS durante a pandemia !
E não adianta “os canhotos” tentarem se aproveitar do apagão do Ministério da Saúde para ganhar votos … não podemos esquecer disso nas próximas eleições …
… enquanto o Ministério da Saúde politiza o fim da emergência pública, faltam medicamentos tanto no âmbito federal, como no âmbito dos Estados, onde uma grande maioria de governadores responsáveis habita “o outro lado do Rio Jordão” ! …
.. e os números demonstram claramente que as taxas de óbitos cresceram em todas as UF’s:
- Percebemos que a escala era de 2,4 % e 6,8 % em 2016, e passou para 3,9 % e 9,8 % em 2021;
- Aí neste meio tem “ponta direita, centroavante e ponta esquerda” … e no senado, nas câmaras e assembleias legislativas que poderiam estar contrapondo o apagão de várias maneiras: também !
- Nenhum “lobo vestido de carneirinho” pode driblar os números da mesma forma como vai fazer com boa parte dos eleitores não esclarecidos (infelizmente) !
- Se algum disser o contrário na sua zona eleitoral … então porque os números ficaram assim em todas as UF’s ?
Com um cenário de ano eleitoral onde o julgamento de um deputado é mais importante do que a saúde da população, a previsão de fim do apagão no Ministério da Saúde continua a mesma:
- Independente de quem ganhar as eleições;
- Se for a posição, o realinhamento dos ministérios para desfazer os movimentos necessários para ganhar as eleições este ano vai demorar !
- E se for a oposição, até que um novo time chegue e consiga “entender onde está” … também vai demorar !!
Nenhuma perspectiva de que a proporção de vítimas deste “cenário macabro” mude no curto prazo … vamos continuar “queimando a mão e caindo de cara no chão” !!!
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Enio Jorge Salu tem especializações em Administração Hospitalar, Epidemiologia Hospitalar e Economia e Custos em Saúde pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. É professor em Turmas de Pós-graduação na Faculdade Albert Einstein, Fundação Getúlio Vargas, FIA/USP, FUNDACE-FUNPEC/USP, Centro Universitário São Camilo, SENAC, CEEN/PUC-GO e Impacta. Coordenador Adjunto do Curso de Pós-graduação em Administração Hospitalar da Fundação Unime. Também é CEO da Escepti Consultoria e Treinamento e já foi gerente de mais de 200 projetos em operadoras de planos de saúde, hospitais, clínicas, centros de diagnósticos, secretarias de saúde e empresas fornecedoras de produtos e serviços para a área da saúde e outros segmentos de mercado.