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Conectando Realidade e Futuro com uma Visão Holística, por Victor Basso, diretor da Opuspac University e CEO da Opuspac

Estamos continuamente expostos a novidades científicas e tecnológicas no setor da saúde, sendo frequentemente impactados por conceitos inovadores que ainda não compreendemos plenamente.

Termos como medicina de precisão, integração entre genética e nanotecnologia, e avanços em Inteligência Artificial (IA) despertam entusiasmo e expectativa.

Além das já consolidadas aplicações da telemedicina, a IA avança rapidamente em pesquisas médicas, emissão de laudos precisos e transcrição automática de consultas.

Destacam-se também os dispositivos vestíveis, ou wearables, com sensores pessoais avançados integrados a centros de comando que usam IA prometendo revolucionar os serviços de saúde.

Tecnologias emergentes como blockchain, Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada e virtual, robótica avançada, computação quântica, hiperconectividade e biotecnologia criam um cenário empolgante e complexo.

Já estamos vivendo de fato, uma era de crescimento exponencial e de complexidade tecnológica.

No entanto, como profissional da tecnologia, acredito que não podemos esperar que todos os problemas sejam resolvidos exclusivamente por avanços tecnológicos.

Essa visão reducionista é conhecida como “tecno-escapismo” ou fuga para o futuro (escape forward). Focar excessivamente no futuro pode fazer com que negligenciemos desafios presentes fundamentais.

Proponho um equilíbrio saudável entre valorizar a inovação tecnológica e gerir eficientemente os desafios atuais.

Precisamos de atenção a temas essenciais de gestão como:

  • Migração de uma cultura conservadora para uma cultura de inovação;
  • Avanço na transparência das operações;
  • Valorização da medicina baseada em valor;
  • Construção de acordos para maior colaboração entre os diferentes atores do ecossistema de saúde;
  • Desenvolvimento de novos modelos de negócios sustentáveis;
  • Redução de desperdícios com metodologias como Lean Healthcare;
  • Sustentabilidade e aumento da rentabilidade das operações.

Esses temas são abordados com profundidade no meu livro “Healthcare Mindset, para tempos exponenciais”. Clique aqui e acesse grátis.

Gerir bem, utilizando ferramentas já estabelecidas, pode não ter o glamour da exploração tecnológica, mas é fundamental.

Muitos querem ser pioneiros tecnológicos, mas poucos valorizam uma gestão eficiente.

Atualmente, o maior objetivo do setor de saúde deveria ser recuperar rentabilidade operacional.

Sem rentabilidade, não haverá condições financeiras para investir nas novas tecnologias necessárias, ampliando ainda mais a lacuna entre hospitais líderes e os demais.

A qualidade operacional é crucial para aumentar a rentabilidade. Sem avanços significativos na segurança do paciente, continuaremos desperdiçando recursos preciosos.

Dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de 15% dos gastos hospitalares globais são decorrentes de eventos adversos como erros de medicação, infecções hospitalares, quedas de pacientes, úlceras de pressão e tromboembolismo venoso. (Clique aqui).

Um estudo recente da Opuspac University  mostrou, que no Brasil, 80% dos Núcleos de Segurança não funcionam adequadamente, e muitos profissionais desconhecem sua existência dentro dos hospitais.

Além disso, aproximadamente 30% dos recursos hospitalares são desperdiçados em atividades que não agregam valor nem ao paciente nem ao processo.

Nenhuma atividade econômica sustentável pode aceitar tais níveis de desperdício.

As técnicas de Lean Healthcare, embora pouco difundidas no país, já demonstraram resultados expressivos internacionalmente, reduzindo significativamente caminhadas das equipes, espaço utilizado e tempo para execução de tarefas, como documentado no meu livro “Cultura Lean Healthcare”. Clique aqui e acesse grátis.

É fundamental evitar que o fascínio constante pela próxima inovação tecnológica nos distraia das soluções já disponíveis e eficazes.

Por exemplo, o uso de código de barras à beira do leito reduz em até 92% eventos adversos, mas é adotado por apenas 10% dos hospitais brasileiros.

Acesse e saiba mais clicando aqui. 

O problema maior é que em nosso reduzido tempo de atenção, um tema encobre o outro e sua caraterística utópica, ou seja, inalcançável tem uma função paralisante em nossa gestão.

Nosso grande desafio atual é alcançar rentabilidade que sustente os investimentos nas tecnologias emergentes.

Caso contrário, todo esse debate sobre as fronteiras tecnológicas na saúde corre o risco de se tornar apenas mais uma utopia distante, desconectada da realidade diária.

opuspacArtigo escrito por Victor Basso, Diretor da Opuspac University e CEO da Opuspac. 

Clique aqui e leia mais artigos escritos por Vitor Basso.

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