A visão de Fábio Leite Gastal, presidente do Conselho da ONA, sobre as acreditações no Brasil

Ainda muito jovem, o presidente do Conselho e diretor-geral da Organização Nacional de Acreditação (ONA), Fábio Leite Gastal, convivia em um ambiente que, no futuro, seria a rotina de sua profissão. “Meu avô era médico e dono de um hospital psiquiátrico. Eu o acompanhava em suas visitas e passava dias brincando nos jardins do hospital e convivendo com pacientes e colaboradores.”

Anos mais tarde, Gastal formou-se médico pela Universidade Federal de Pelotas, com doutorado em Medicina pela Universidade da Republica Oriental do Uruguai e em Medicina/Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo. “Dediquei anos à área de pesquisa.”

E foi justamente no campo da pesquisa que a história de Gastal se entrelaça com a da ONA. Em 1985, o médico iniciou seus estudos no Uruguai que levaram aos modelos de avaliação do desempenho de serviços de saúde, em particular os hospitais psiquiátricos. “Esse trabalho despertou o meu interesse e estudo da economia da saúde, da epidemiologia, da qualidade e da acreditação de serviços de saúde.”

Ao retornar ao Brasil, Gastal foi convidado para participar de um grupo de trabalho que desenvolveu a proposta do Ministério da Saúde para o Sistema Brasileiro de Acreditação, dando origem à ONA. Na sequência, apresentou-se como candidato no concurso para o primeiro Superintendente da Organização. “Fui honrado com a seleção em primeiro lugar e dediquei-me de corpo e alma ao Sistema Brasileiro de Acreditação e à ONA.”

Após oito anos de trabalho, Gastal foi convidado pelo Sistema Unimed, onde já atuava em cargos de liderança, para representar o Sistema no Conselho de Administração da ONA. Entre 1999 e 2006, foi superintendente da Organização e, desde 2019, exercia o cargo de vice-presidente.

“Agora, com o apoio de todas as entidades e em especial do ex-presidente, Cláudio Allgayer, tive a honra de ser eleito o novo presidente do Conselho para o triênio 21-24.”

Para Gastal, o novo cargo representa uma honra, mas também uma grande responsabilidade de dar continuidade a uma história bem-sucedida e respeitada. “Encaro esta missão como uma enorme gratificação e um grande desafio.”

Hospitais com acreditação

Para Gastal, o número de hospitais de médio e grande portes acreditados reflete que o Sistema Brasileiro de Acreditação é um sucesso, porém ainda há inúmeras dificuldades. “Falhamos em não ter a Qualidade, a Acreditação e a Segurança do Paciente como uma política nacional e uma prioridade no SUS. Falhamos quando não fomos capazes de desenvolver um programa de suporte à melhoria de gestão dos pequenos hospitais com menos de 70 leitos e que representam 75% dos 6 mil hospitais cadastrados no CNES.”

Gastal ainda afirma que há falha quando não há um programa que apoie aos hospitais filantrópicos e beneficentes que são a espinha dorsal do SUS. “Nunca tivemos um programa oficial voltado para apoiá-los a desenvolver a qualidade e a segurança do paciente.”

O presidente da ONA conclui que o SUS deixou os hospitais universitários e de governo sem política e sem programa de qualidade e de gestão. “O problema não é de método ou da ONA e sim de política pública e de priorização de governo. Infelizmente, a qualidade nunca foi uma prioridade para os governos.”

Para mudar esse cenário, Gastal explica que a ONA foca em duas grandes vertentes. A primeira, em garantir a consistência metodológica e o alinhamento às melhores práticas internacionais via certificação da ISQUA; e a segunda, buscar através de uma rede de acreditadoras credenciadas ter um método no qual os custos para as organizações sejam altamente competitivos e acessíveis. “Como se diz em gestão, qualidade e preço, ninguém supera a metodologia brasileira!”

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