Os números apresentados no Balanço Observatório ANAHP – Associação Nacional dos Hospitais Privados – de março/2024 revelam alguns achados importantes sobre o panorama financeiro e operacional da Saúde Suplementar.
Embora em recuperação, as operadoras e seguradoras têm de gerenciar margens reduzidas e resultados negativos em mais de 30% delas. Além dos vilões já conhecidos como VCMH – Variação de Custo Médico Hospitalar – acima do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor – o relatório demonstra aumento de utilização dos planos, ocasionados pelo envelhecimento populacional, revisões no rol de procedimentos da ANS, crescimento de terapias para saúde mental, entre outros fatores que interferem diretamente na sinistralidade e prejudicam os resultados.
A possibilidade de repasse dos valores para os beneficiários encontra desafios de retenção de clientes, exigindo cada vez mais criatividade na concepção de planos / produtos. Dessa forma, crescem as opções que absorvem parte desses reajustes através da redução de coberturas, quer seja enfermaria em detrimento de apartamento, coparticipação, planos regionais etc.
Por outro lado, os hospitais têm aprimorado a eficiência operacional para reduzir o custo paciente/dia e saída hospitalar, para obter melhores taxas de ocupação e maior racionalização no uso de materiais e medicamentos, especialmente os de alto custo. Percebe-se também a recomposição das estratégias de negócio, com algumas operadoras ampliando a verticalização da operação e prestadores criando fontes de receita alternativas aos planos.
Tais movimentos têm gerado um custo de desconfiança, que pressiona todo o ecossistema e se converte em insatisfação com os resultados. A prova disso é o aumento crescente do volume de glosas e extensão dos prazos de pagamento de contas médicas. O balanço da ANAHP revela também que, em 2023, aproximadamente 2,5 bilhões da receita de prestadores foi retida em razão de dilatação de prazos de pagamentos para longos processos de análise. Todo esse dinheiro parado se converte em inflação para o sistema e aumenta os desafios da cadeia de valor.
Nesse contexto, constata-se a baixa priorização de programas preventivos de saúde. Em 2023, menos de 0,5% das receitas totais foram gastas com programas de prevenção. Enquanto isso, as internações ainda correspondem a mais de 48% das despesas hospitalares gerais.
Permanece o gargalo entre as oportunidades, como uma medicina personalizada e o engajamento do paciente, e a identificação de soluções e provedores que apresentem alternativas reais de ganho – ainda que existam avanços tecnológicos promissores (inteligência artificial, dispositivos vestíveis, telemedicina), com o número de healthtechs saltando de 417 para 1096 entre 2017 e 2022.
Desenvolver um modelo de SAÚDE DE OURO, que desafie os paradigmas do segmento de forma sustentada, centrada no paciente e alinhada aos princípios do ESG, é a grande missão do setor.
*Artigo escrito por Wagner Marques, sócio da Lozinsky Consultoria.
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Para aquecer as discussões do Healthcare Conference 2024, que trará o tema “Saúde Ouro: A Estratégia de Campeões”, o Grupo Mídia convida gestores de hospitais a compartilhar algumas de suas percepções respondendo a pesquisa “Saúde de Ouro”.
Trata-se de uma pesquisa inédita realizada entre o Grupo Mídia e a Lozinsky Consultoria que trará informações atualizadas sobre as prioridades do negócio e os principais desafios que o setor enfrenta atualmente, segundo gestores e diretores de grandes hospitais de todo o país.
A pesquisa propõe trazer uma visão sobre as necessidades e as demandas como modelos de remuneração, adoção de tecnologias disruptivas, ESG, dentre outros temas.
O resultado do estudo será divulgado durante o Healthcare Conference, maior encontro de gestão na Saúde do País, que acontecerá de 26 a 29 de setembro, no Vila Galé – Angra dos Reis. Além disso, o material também será divulgado para todo o mercado nos canais de comunicação da plataforma Healthcare e, ainda, todos os respondentes terão acesso a um report exclusivo sobre a pesquisa.