COP29 e G20: Setor de Saúde impulsa ações climáticas com projetos sustentáveis

COP29 e G20 reforçam a urgência de ações climáticas, enquanto o setor de saúde ganha força com iniciativas que reduzem impactos ambientais e promovem eficiência operacional

A sustentabilidade dominou as pautas desta semana durante a 29ª Conferência das Partes (COP29), realizada em Baku, Azerbaijão, e do recente encontro do G20, presidido pelo Brasil. Líderes globais reafirmaram a urgência de ações coordenadas para frear as mudanças climáticas, colocando a sustentabilidade no centro das decisões econômicas e políticas.

Na COP29, países debateram como manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5ºC, conforme o Acordo de Paris, com foco em transição energética, financiamento climático e conservação ambiental. A criação de um fundo global para perdas e danos ganhou destaque, especialmente para apoiar países em desenvolvimento afetados por desastres climáticos.

No G20, liderado pelo Brasil, a sustentabilidade foi reforçada com compromissos para descarbonização industrial, parcerias em energia renovável e investimentos em tecnologias de baixo carbono. A ideia de “justiça climática” também se destacou, com pedidos de apoio aos países emergentes para implementar ações climáticas sem prejudicar seu crescimento econômico.

Setor de Saúde como Protagonista da Sustentabilidade

No Brasil, enquanto governos e empresas ajustam metas climáticas, o setor de saúde avança com iniciativas práticas que demonstram seu compromisso com a sustentabilidade e a saúde planetária.

Estudos publicados, incluindo um na Lancet Planetary Health, apontam que o setor de saúde contribui significativamente para as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), sendo responsável por cerca de 4,4% das emissões globais.

Esse impacto é atribuído a fatores como consumo intensivo de energia, uso de materiais descartáveis, transporte de pacientes e suprimentos, além da produção e descarte de medicamentos e dispositivos médicos. Esses fatores tornam o setor de saúde um dos principais contribuintes para o impacto ambiental, apesar de seu papel crucial na melhoria da qualidade de vida e bem-estar humano​.

Abaixo, conheça alguns exemplos liderados por instituições brasileiras e multinacionais:

BD:

  • A BD, empresa de tecnologia médica, implementou o programa BD Recicla, que transforma resíduos hospitalares plásticos não contaminados em novos produtos, como lixeiras usadas pelas próprias instituições de saúde. Em parceria com a Rede D’Or e o Hospital Sírio-Libanês, a iniciativa já reciclou mais de 15 toneladas de resíduos hospitalares plásticos não contaminados em matéria-prima para produção de novos produtos plásticos, como lixeiras para uso da própria instituição de saúde. Com o volume reciclado a iniciativa evitou a emissão de mais de 21 toneladas de gás carbônico. O programa ainda engloba treinamento dos profissionais, coleta, transporte, processamento e destinação dos resíduos de forma segura e ambientalmente responsável.
  • Outro compromisso da BD é reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio da substituição dos veículos a combustão por elétricos. O projeto de mobilidade já contribuiu para a redução da emissão de 41 toneladas de CO2 até o momento.

ações climáticas“As ações ESG devem ser vistas como um investimento a longo prazo que deve resultar em impactos positivos para a sociedade de modo geral e isto requer uma abordagem educacional e cultural dentro da organização. A BD é signatária do Pacto Global da ONU há quase 20 anos e, desde então, dedicamos nossos esforços para proteger o planeta, criar uma cadeia de suprimentos mais resiliente e sustentável, apoiar a equidade em saúde nas comunidades em que estamos envolvidos, cuidando de nossos associados e garantindo a transparência, responsabilidade e excelência em nossos negócios”, destaca Juliano Paggiaro, CEO da BD no Brasil.

Hospital Moinhos de Vento:

  • O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, é referência em sustentabilidade na saúde. A instituição foi certificada com o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que reconhece construções sustentáveis e eficientes.
  • O hospital implementou um sistema rigoroso de gestão de resíduos, eficiência energética, mercado livre de energia, painéis solares, neutralização de carbono e captação/tratamento de água em poços profundos.
  • Além disso, a instituição tem promovido eventos para discutir a mudança climática e impactos na sociedade em geral.

ações climáticas“Instituições de saúde em todo o país estão começando a perceber que a sustentabilidade ambiental, a responsabilidade social e uma governança sólida, não são apenas imperativos éticos ou modismos, mas também estratégias de negócios viáveis que podem levar à eficiência operacional e a uma melhor reputação. O futuro do ESG no setor hospitalar brasileiro me parece promissor, com uma tendência clara de expansão, aprofundamento dessas práticas e discussões em todo o país, tornando-se um vetor genuíno e presente no propósito das instituições”, pontua Evandro Moraes, Superintendente Administrativo do Hospital Moinhos de Vento.

GE Healthcare:

  • A GE Healthcare, comprometida com o conceito de economia circular, desenvolveu programas que promovem a reutilização de equipamentos médicos, prolongando sua vida útil e reduzindo a necessidade de fabricação de novos dispositivos. Essa abordagem diminui significativamente o consumo de recursos naturais e a emissão de carbono associada à produção.
  • Entre as principais iniciativas, destaca-se o plano para reduzir as emissões de carbono, com a meta de diminuir as emissões de Escopo 1 e 2 em 42% e de Escopo 3 em 25% até 2030, em comparação com o ano base de 2022, e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Em 2023, a GE HealthCare reduziu 5.800 toneladas de gases de efeito estufa, resultado de investimentos em modernização e eficiência energética. Além disso, a empresa aumentou o uso de energia renovável de 13% em 2022 para 21% em 2023, por meio de iniciativas como geração própria, compra de energia de fornecedores verdes e uso de certificados de energia renovável.

ações climáticas“Tanto na saúde como em outros setores, as indústrias que não se alinharem às premissas ESG poderão perder espaço no mercado futuramente. Premissas que estão alinhadas com os 17 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Organização das Nações Unidas, estabelecidos em 2015. No que tange à indústria da Saúde, alguns ODSs são direcionados a esse setor, tais como: consumo e produção responsáveis, energia limpa e acessível, inovação e infraestrutura. Nós já atuamos a partir desses objetivos com iniciativas internas, junto aos colaboradores, parceiros e clientes. Também estamos empenhados na mitigação do impacto climático por meio de soluções inovadoras, a fim de contribuir com uma economia circular e ambiental”, destaca Filipe Xavier, Head of Comms, ESG & Branding da GE Healthcare.

Sustentabilidade como Aliança Global

A integração das metas globais discutidas na COP29 e no G20 com as iniciativas locais de empresas e instituições brasileiras reforça a importância da cooperação entre setores público e privado. Para além da retórica, ações concretas, como as mencionadas acima, exemplificam como o setor de saúde pode liderar a transição para uma economia mais sustentável.

À medida que a sustentabilidade se consolida como um eixo estratégico, o desafio está em ampliar o alcance dessas iniciativas, garantindo que mais instituições sigam o exemplo, promovendo um impacto positivo tanto no meio ambiente quanto na saúde da população.

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