“Estima-se que tecnologias com IA receberão investimentos em torno de 40 bilhões de dólares”, relata Ricardo Brito
Quando pensamos o quanto as novas tendências em tecnologia caminham para o desenvolvimento das oportunidades de negócios utilizando a Inteligência Artificial (IA), criada pelo DR. em Física Stephen Taler, mal conseguimos imaginar tudo que se pode fazer pela medicina personalizada.
Naturalmente, sempre nos vem a mente o primeiro grande dilema humano: a máquina irá substituir o ser humano na prática da medicina?
No meu entendimento, isso já vem acontecendo desde a revolução industrial, iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, e a criação de máquinas para atender necessidades sempre crescentes.
Entretanto, é importante destacar que o ser humano sempre será o ponto final do processo.
Estima-se que tecnologias com IA (inteligência Artificial) receberão investimentos em torno de US$ 40 bilhões de dólares nos próximos 5 anos.
Este mercado trará evoluções tecnológicas importantes, tendo como principal entrega de valor, a possibilidade de agilizar processos, padronizar procedimentos, e atender as novas demandas, e assim, tornar as empresas cada vez mais eficientes.
No caso de hospitais haverá diminuição de eventos adversos, diminuição de óbitos e falhas de atendimento, e a implantação de uma administração com maior controle de desperdícios.
A aposta em IA é tamanha que as empresas do Trade como: a Anduril, ScaleIA, Hippo Insurance, Icertis, DataRobot, Dataminr, Lemonade, Uptake, Aurora Innovation e Nuro têm, juntas, um valor de mercado de USD 11.890 bilhões, segundo a Forbes e a Meritech Capital.
A Google e Amazon apostam em IA, com a expectativa de conquistar uma fatia do mercado de saúde.
Um ponto-chave para o sucesso é estar atento ao comportamento de compra e decisões dos clientes e pacientes, principalmente no ambiente digital.
Como eles fazem suas compras ou como seus desejos surgem? Quais são as suas exigências e expectativas?
Principalmente nos últimos dois anos e nesse período pós-covid o mercado de saúde tem se apresentado diferentemente, e o uso da Inteligência Artificial pode realizar toda a diferença no entendimento dessas mudanças.
A concretização do Metaverso na medicina já está deixando claro o impacto da tecnologia no setor. As vendas mundiais de headsets alcançaram, em 2021, US$ 3 bilhões de dólares.
Um número que exemplifica o aumento da adesão da realidade aumentada e virtual dentro ecossistemas imersivos tridimensionais, que cria, na prática, novas possibilidades para a medicina.
Até mesmo os chamados idosos digitais, consumidores mais velhos, se reinventaram.
Com a expectativa de vida média global crescente, atingindo 73,4 anos, eles já são representantes significativos no universo de novos modelos de negócios no mundo digital, através do uso de wearables.
O fato é que acompanhar as rápidas transformações e as novas preferências dos consumidores dos serviços ou produtos de saúde, é o nosso grande desafio.
A busca por soluções e bem-estar digital, com acessibilidade, confiabilidade, sustentabilidade, e agilidade, é decorrência da constante e profunda mudanças na cadeia de valores e propósitos das pessoas.
Em 2021, por exemplo, a procura por serviços de saúde e segurança aumentaram cerca de 80% no mundo.
Esses são exemplos do resultado possível da interação da IA e desenvolvimento de ferramentas digitais.
As empresas de saúde que souberem criar tráfego, trabalhando marketing de conteúdo, gerando engajamento permitindo que o próprio cliente se torne um influenciador e colaborador da sua empresa, convertendo sua estratégia em mais adesões; e abrindo gateways para análises de KPIs (Indicar Chave de Desempenho) e ROI (Retorno sobre Investimento), irão, sem dúvida, se destacar.
O uso da Inteligência Artificial na saúde já foi admitido e anunciado.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), fundada em 7 de Abril de 1948, um orçamento de USD 9,338 bilhões, e participação de 194 países, afirmou através do CRE (Compliance, gestão de risco e Ética), em seu relatório da Ethics and Governance of Artificial for Health (Ética, Governança da Inteligência Artificial), que a IA terá um papel muito importante no cenário mundial da saúde, mas que questões como ética e direitos humanos deverão ser pilares fundamentais no desenho da sua implantação.
A OMS atenta para princípios importantes, de modo a garantir que o uso da IA tenha os riscos limitados.
Os projetos devem atender aos requisitos regulamentares, mantendo a segurança, precisão e eficácia, garantindo transparência, explicabilidade e prestação de contas.
Deve ainda preservar a autonomia humana, através do controle dos sistemas e das decisões médicas, mantendo a privacidade, confiabilidade e proteção dos dados.
O mínimo impacto ambiental e eficiência energética também devem ser contemplados.
A OMS preconiza, ainda, que a adoção dessa tecnologia deve ser segura, transparente e responsável, para que os dados dos pacientes armazenados utilizados para tomadas de decisões rápidas e assertivas com o uso da tecnologia de IA, sejam protegidos, já que esse será um dos grandes ganhos da nova tendência.
O uso do Machine Learning através da análise de dados com a identificação de padrões para a tomada de decisões com um mínimo de interferência humana terá um papel estratégico no diagnósticos e tratamento de pacientes nos próximos anos.
A evolução do 5G facilitará o relacionamento com os clientes, permitindo o uso ampliado dos computadores para realizar tarefas de reconhecimento da fala, identificação de imagem e previsões.
Algumas dessas aplicações que usamos diariamente em nossos smartphones serão ampliadas para o ambiente da saúde.
Os processos da saúde estão sendo cada vez mais impactados com a adoção da estratégia “Find your Focus” (Encontre seu Foco). Mais do que nunca, entregar valor deve ser o principal objetivo na qualidade do atendimento do paciente.
Em diversos países ricos, como a Suíça, a IA tem alta representatividade no desenvolvimento de novos produtos, serviços, principalmente no desenvolvimento de medicamentos.
O Canadá possui um orçamento de USD 300 Bilhões para investir em IA, subsidiando diagnósticos e consultas-on-line, um dos dez melhores sistemas de gerenciamento de saúde do mundo.
A IA esta sendo utilizada também para melhorar a velocidade e precisão de diagnósticos, auxiliar no atendimento clínico, triagem das doenças, pesquisa em saúde, surtos epidêmicos e intervenções em urgências e emergências na saúde pública e privada, além de colaborar com o gerenciamento dos sistemas de saúde.
A IA pode, também, ajudar pacientes a terem maior controle sobre os cuidados e as próprias necessidades, melhorando sua qualidade de vida, com um atendimento menos robótico e mais humanizado, trazendo respostas inovadoras.
Os riscos das mais variadas tecnologias em saúde são demonstrados sempre dentro do seu contexto de utilização e através dos processos de acompanhamento.
Assim, entendo que será necessária a geração e análise de uma curva de aprendizagem que caminhe lado a lado com as consagradas propostas terapêuticas.
Apenas dessa maneira teremos a possibilidade de observar o comportamento dos produtos, possíveis adventos adversos, questões éticas e legais, e possibilidades não previstas, para realmente determinar o ponto ideal de junção do ser humano e a da tecnologia.
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Com experiência em multinacionais como Alcoa, Shell e Telefonica, atuou nas principais empresas de medicina de Grupo do Brasil. Com especializações pela FGV em Gestão de Negócios e Marketing de Serviços e MBA em Administração e Gestão de Negócios, atua como CMO da Biomecanica e Grupo Bioscience desde 2012.