Metaverso e as Organizações de Saúde, por Marcos Gallo

No dia 28 de outubro de 2021, o criador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou a mudança do nome da empresa para “Meta”.  Segundo ele, a ideia é dissociar a empresa da rede social Facebook e focar no “metaverso”: “nossa marca está tão intimamente ligada a um produto que não pode representar tudo o que estamos fazendo hoje”.

Mas afinal de contas, o que é Metaverso?

Para começar, vamos a origem do termo: a palavra metaverso (metaverse, em inglês) apareceu pela primeira vez em “Snow Crash”, livro de ficção científica escrita por Neal Stephenson em 1992 (existe uma versão brasileira com uma tradução feita por Fábio Fernandes).

Nele, as pessoas usam o metaverso para escaparem de uma realidade distópica através de realidade virtual. Então, Metaverso é uma rede de ambientes virtuais em que as pessoas podem interagir umas com as outras ou com objetos digitais, enquanto operam representações virtuais de si mesmas – os chamados “avatares”.

Mas são nas organizações de saúde que as novas aplicações devem avançar com mais agilidade. É uma oportunidade na qualidade e produtividade dos sistemas de saúde, agora que o autocuidado está cada vez mais presente nas nossas vidas.

Se a realidade virtual é uma experiência imersiva, que utiliza “smartglasses” para cobrir a realidade (fechando o mundo externo), as realidades aumentada e estendida aprimoram o ambiente do mundo real, introduzindo informações virtuais de cada usuário, fazendo com que ele receba dados sempre que quiser.

A  “realidade médica estendida (MXR)”, um termo para contextualizar as aplicações de metaverso na área médica, aprimora o nível de informação que o médico e o paciente dispõem. Ambientes virtuais imersivos e “avatares” podem acelerar a recuperação, reabilitação, fisioterapia, procedimentos cirúrgicos, treinamento, diagnóstico preditivo, medicina personalizada e inúmeros outros campos clínicos.

A ferramenta fundamental no metaverso na saúde, como disse acima, são os chamados “smartglasses”. Inicialmente pesados, grandes, confusos e de baixa resolutividade, os óculos de realidade virtual foram inovadores há uma década, mas depois se tornaram devices de pouca praticidade para os usuários, principalmente se eles precisassem utilizá-los por várias horas. Nos últimos anos tornaram-se mais leves, inteligentes e atrativos, como, por exemplo, o HoloLens 2 da Microsoft  passaram a ser mais compatíveis com as exigências médicas.

Em termos de funcionalidades, essas ferramentas já podem se conectar remotamente a especialistas, sobrepor em holografia dados personalizados do paciente, consultar imagens 3D em videotecas e combinar Estudos de Casos clínicos com alta resolução.

O Facebook e seu Oculus Quest 2 VR (wireless) ganha mercado e segue para patamares mais ousados nas disciplinas médicas, busca para se tornar algo perto de um “padrão-mundial’. A  Amazon e Intel também estão ganhando espaço na infraestrutura médica-metaversa, assim como chinesa Nreal que desenvolve tecnologia de realidade mista em 5G, oferecendo um smartglass que compartilha as mesmas especificações da visão humana.

Em junho de 2020, neurocirurgiões da Johns Hopkins realizaram as primeiras cirurgias com realidade aumentada.  Os médicos inseriram seis parafusos na coluna vertebral do paciente, usando um VR-headset com visor transparente que projetava as imagens da anatomia interna do paciente (ossos e outros tecidos) com base em tomografias.

Um crescimento semelhante vem ocorrendo na utilização de “gamificação para fins terapêuticos”, como no suporte ao autocuidado, na exploração de técnicas ocupacionais, na sistematização de práticas para envelhecimento saudável, ou na redução dos níveis de ansiedade social.

A  realidade estendida  facilita a “presencialização” entre médicos e pacientes, bem como a “personificação” deles, sendo a telepresença um eixo de sustentabilidade que permite aos envolvidos “perceberem uma habitação comum, um estágio de conforto existencial, muitas vezes com outras entidades virtuais presentes”.

Avatares e interações de XR tendem a evocar uma proximidade física e emocional mais forte, proporcionando ao médico maior credibilidade, fator-chave na aliança com o paciente.

E obrigado pelas incríveis informações de Guilherme Hummel, craque no assunto.

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