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cursos e instituições de ensino, a área de cardiologia” relata. Os dois anos de
médica veio como um toque do destino. experiência em plantões serviram como
“Na época, não era permitido trancar a base para as especializações cirúrgicas
matrícula na USP.” que, por fim, culminaram na atuação
A entrevista foi realizada durante o em transplante hepático.
Fórum Healthcare Management por “Fiz dois anos de residência em ci-
Lauro Miquelin, CEO da L+M, e Edmil- rurgia geral, três anos de residência
son Jr. Caparelli, presidente do Grupo em cirurgia pediátrica, e fui contrata-
Mídia. O bate-papo também foi para o do na disciplina de cirurgia pediátrica
ar no programa Quem Realiza na TV, da Universidade de São Paulo logo que
transmitido na TV Clube, filial da Rede terminei” conta Paulo. “Eu cuidava de
Bandeirantes na região de Ribeirão Pre- crianças com uma patologia congênita
to. O programa, produzido pelo GM, faz chamada Atresia de Vias Biliares, cuja HOJE, TODO
parte da plataforma Comportamento e solução, em 80% dos casos, é o trans- “
Lifestyle do Grupo. plante de fígado, que deve ser realizado MUNDO FALA EM
nos primeiros dois anos de vida.”
À época, o médico relembra que trans- MERITOCRACIA,
Medicina em primeiro lugar
plantes hepáticos não eram realizados
O primeiro ano de faculdade, conta em crianças, ou mesmo em adultos de O QUE É IMPORTANTE;
Paulo, foi pautado por dúvidas e in- forma regular no Brasil. “As famílias MAS TÃO IMPORTANTE
certezas. “Meus colegas que cursavam entravam com liminar para ter os trata-
engenharia passavam o final de semana mentos e cirurgias subsidiados fora do QUANTO É LEVAR EM
na praia. Eu, aos sábados de manhã, ti- país, o que não era, e ainda não é sus-
nha aula de parasitologia.” O CEO lem- tentável.” A solução, portanto, foi tornar CONTA O PONTO DE
bra que chegou a fazer meses de análise a cirurgia hepática pediátrica uma rea-
com Stanislau Krynski, reconhecido lidade no país, aprendendo a realizá-la PARTIDA E A
psiquiatra, para ajudá-lo em suas dúvi- com excelência.
das sobre a carreira. CAPACIDADE DE
Passado o período de hesitação e in- A Saúde e a Sociedade
dagações existenciais, com o desejo de DESENVOLVIMENTO
seguir a Medicina já consagrado, ques- De personalidade tranquila e postu-
tionou o psiquiatra sobre o porquê, na- ra estável, poucas coisas tiram o CEO DE CADA UM.”
quela época, Krynski não o orientou do sério. Mas, questionado sobre o
claramente. “Ele me disse que a escolha que o ‘tira do sério’, a resposta é qua-
tinha que ser minha, pois eu ainda iria se imediata: “Injustiça social; pessoas PAULO CHAPCHAP,
revê-la muitas vezes. E era preciso que que humilham outras pessoas com
eu conseguisse traçar o caminho de base na distância de poder e renda… CEO do Hospital
volta até a ‘causa raiz’ desta escolha, o Infelizmente uma prática muito fre- Sírio-Libanês
que não seria possível se houvesse mui- quente no Brasil, que deixamos passar
ta opinião no caminho.” A sabedoria de sem reagir.”
Krynski, ressalta, o acompanha até os “Nós montamos um canal de com-
dias de hoje. pliance com denúncia anônima para
um canal independente no Sírio-
-Libanês” conta. “No primeiro ano, o
Sírio-Libanês grande predomínio de assédio moral
“Meu primeiro contato no Hospital era de médico para colaborador, o que
Sírio-Libanês foi um estágio para gradu- conseguimos reduzir muito com uma
andos, que ainda existe, na UTI duran- política de consequência justa. E, ago-
te um ano, em 1976. Depois, fiquei por ra, o predomínio é de paciente para
mais um ano na UTI do Sírio, na área colaborador.”
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