Page 98 - Healthcare Management - Edição 54
P. 98
IGO
Saúde é um dos principais
desafios do novo Governo
Amaioria dos brasileiros
considera o sistema de tes, hipertensão e câncer, entre outras mais de 2,5 milhões de pessoas que fi-
saúde do país péssimo, – que se somarão às doenças infeciosas caram sem planos de saúde nos últimos
ruim ou regular. Pesqui- que ainda persistem no Brasil, como dois anos, segundo a Agência Nacional
sa recente realizada pelo dengue e febre amarela, ou às que retor- de Saúde (ANS), e que passaram a de-
Instituto Datafolha para o Conselho Fe- nam, caso do sarampo. pender do SUS.
deral de Medicina (CFM) revelou que o
grau de insatisfação dos entrevistados Não podemos esquecer que em nosso Não é pouco, e tampouco ocorrerão
chega a 89% e abrange tanto os serviços país as chamadas causas externas –os transformações mágicas do dia para a
públicos quanto os privados. acidentes de trânsito e a violência – são noite. A boa notícia é que os integrantes
relevantes e exercem impacto conside- da cadeia produtiva da saúde estão mo-
Não surpreende, portanto, que 39% rável sobre o sistema de saúde. bilizados na busca por diagnósticos cor-
desejem que a saúde seja a prioridade retos sobre os males que afligem o setor
do próximo governo e foco principal de Apesar de alguns avanços na busca por e na proposição de alternativas de trata-
atenção do vencedor das eleições presi- hábitos mais saudáveis e maior qualida- mento que gerem um bom desfecho.
denciais deste ano – superando educação, de de vida por determinados segmentos
combate à corrupção e ao desemprego, e da população, o sistema de saúde bra- Importante que o novo governo também
segurança, que aparecem em seguida, sileiro é mais focado no tratamento de se debruce sobre essas questões e faça a
nesta sequência. Vale lembrar que esta é doenças que na prevenção e promoção sua parte para que as próximas pesquisas
apenas uma, entre tantas pesquisas, que da saúde. de opinião possam retratar uma realida-
traçam o mesmo diagnóstico. de mais favorável e um grau de satisfação
Pagamos um preço alto por esse mo- mais elevado por parte da população.
Melhorar a saúde do Brasil está longe delo assistencial, que acarreta uma de- CARLOS ALBERTO P. GOULART
de ser um desafio pequeno e, além disso, manda excessiva e ineficiente por hos- presidente-executivo da ABIMED – Associa-
é uma empreitada para décadas. Porém, pitais, profissionais de saúde, exames, ção Brasileira da Indústria de Alta Tecnolo-
por mais complexas que sejam as atuais equipamentos e todo o aparato necessá- gia de Produtos para Saúde
condições político-econômicas do país rio para colocá-lo em funcionamento. E
e o cenário que se desenha à frente, a que adota como critério para pagamen-
necessidade de repensar o setor, apri- to e reembolso o uso da infraestrutura
morá-lo e garantir sua sustentabilidade e não o desfecho para o paciente, o que
financeira é uma unanimidade entre to- também pressiona custos.
dos os participantes da cadeia produtiva
da saúde. Uma realidade que nenhum Aliado a esse modelo, nosso setor
governante poderá se furtar a encarar. enfrenta um problema sério de ges-
tão. Alocação inadequada de recursos
Afora os problemas intrínsecos ao sis- e desperdício são alguns dos sintomas,
tema, bate à nossa porta uma questão que se somam a questões de outra na-
demográfica, já amplamente detectada: tureza, como o baixo investimento em
até 2030, a população idosa deverá tri- pesquisa e desenvolvimento, falta de
plicar no país, demandando leitos, pro- integração entre dados dos pacientes
fissionais de saúde especializados e uma e uso incipiente de inovação e tecnolo-
vasta infraestrutura voltada ao atendi- gias de inteligência.
mento desse segmento.
Em resumo, o que temos hoje é um
Envelhecimento populacional é sinô- sistema ineficiente e caro, com gastos
nimo de aumento da incidência de um crescentes, acesso desigual, incapaz de
grupo de doenças crônicas – como as atender à também crescente demanda, e
cardiovasculares e neurológicas, diabe- financeiramente insustentável no médio
e longo prazos. Em razão da crise eco-
nômica e do desemprego, temos ainda
98 healthcaremanagement.com.br | edição 54 | HEALTHCARE Management
Saúde é um dos principais
desafios do novo Governo
Amaioria dos brasileiros
considera o sistema de tes, hipertensão e câncer, entre outras mais de 2,5 milhões de pessoas que fi-
saúde do país péssimo, – que se somarão às doenças infeciosas caram sem planos de saúde nos últimos
ruim ou regular. Pesqui- que ainda persistem no Brasil, como dois anos, segundo a Agência Nacional
sa recente realizada pelo dengue e febre amarela, ou às que retor- de Saúde (ANS), e que passaram a de-
Instituto Datafolha para o Conselho Fe- nam, caso do sarampo. pender do SUS.
deral de Medicina (CFM) revelou que o
grau de insatisfação dos entrevistados Não podemos esquecer que em nosso Não é pouco, e tampouco ocorrerão
chega a 89% e abrange tanto os serviços país as chamadas causas externas –os transformações mágicas do dia para a
públicos quanto os privados. acidentes de trânsito e a violência – são noite. A boa notícia é que os integrantes
relevantes e exercem impacto conside- da cadeia produtiva da saúde estão mo-
Não surpreende, portanto, que 39% rável sobre o sistema de saúde. bilizados na busca por diagnósticos cor-
desejem que a saúde seja a prioridade retos sobre os males que afligem o setor
do próximo governo e foco principal de Apesar de alguns avanços na busca por e na proposição de alternativas de trata-
atenção do vencedor das eleições presi- hábitos mais saudáveis e maior qualida- mento que gerem um bom desfecho.
denciais deste ano – superando educação, de de vida por determinados segmentos
combate à corrupção e ao desemprego, e da população, o sistema de saúde bra- Importante que o novo governo também
segurança, que aparecem em seguida, sileiro é mais focado no tratamento de se debruce sobre essas questões e faça a
nesta sequência. Vale lembrar que esta é doenças que na prevenção e promoção sua parte para que as próximas pesquisas
apenas uma, entre tantas pesquisas, que da saúde. de opinião possam retratar uma realida-
traçam o mesmo diagnóstico. de mais favorável e um grau de satisfação
Pagamos um preço alto por esse mo- mais elevado por parte da população.
Melhorar a saúde do Brasil está longe delo assistencial, que acarreta uma de- CARLOS ALBERTO P. GOULART
de ser um desafio pequeno e, além disso, manda excessiva e ineficiente por hos- presidente-executivo da ABIMED – Associa-
é uma empreitada para décadas. Porém, pitais, profissionais de saúde, exames, ção Brasileira da Indústria de Alta Tecnolo-
por mais complexas que sejam as atuais equipamentos e todo o aparato necessá- gia de Produtos para Saúde
condições político-econômicas do país rio para colocá-lo em funcionamento. E
e o cenário que se desenha à frente, a que adota como critério para pagamen-
necessidade de repensar o setor, apri- to e reembolso o uso da infraestrutura
morá-lo e garantir sua sustentabilidade e não o desfecho para o paciente, o que
financeira é uma unanimidade entre to- também pressiona custos.
dos os participantes da cadeia produtiva
da saúde. Uma realidade que nenhum Aliado a esse modelo, nosso setor
governante poderá se furtar a encarar. enfrenta um problema sério de ges-
tão. Alocação inadequada de recursos
Afora os problemas intrínsecos ao sis- e desperdício são alguns dos sintomas,
tema, bate à nossa porta uma questão que se somam a questões de outra na-
demográfica, já amplamente detectada: tureza, como o baixo investimento em
até 2030, a população idosa deverá tri- pesquisa e desenvolvimento, falta de
plicar no país, demandando leitos, pro- integração entre dados dos pacientes
fissionais de saúde especializados e uma e uso incipiente de inovação e tecnolo-
vasta infraestrutura voltada ao atendi- gias de inteligência.
mento desse segmento.
Em resumo, o que temos hoje é um
Envelhecimento populacional é sinô- sistema ineficiente e caro, com gastos
nimo de aumento da incidência de um crescentes, acesso desigual, incapaz de
grupo de doenças crônicas – como as atender à também crescente demanda, e
cardiovasculares e neurológicas, diabe- financeiramente insustentável no médio
e longo prazos. Em razão da crise eco-
nômica e do desemprego, temos ainda
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